Tiago Esteves fez estágio para ser polícia durante Estado de Emergência

Tiago Esteves foi o melhor aluno do curso de agentes da PSP e sente orgulho por ter feito estágio durante o estado de emergência, período "inédito" em que tudo o que acontecia era novo até para os polícias.

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Lusa
20/05/2020 07:30 ‧ 20/05/2020 por Lusa

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"Foi uma coisa inédita, até para os próprios agentes efetivos era uma coisa nova. Para mim foi interessante poder estar no estágio num ambiente em que também para eles era uma coisa nova. Poder ver como é que as pessoas lidavam diariamente, as medidas a serem tomadas nas esquadras, a atuação na polícia na rua, o contacto com o público. Dentro das circunstâncias, acho que foi ótimo ter podido ter esta experiência", contou à agência Lusa.

Tiago Esteves é um dos 571 novos agentes que a 13 de março viu a Escola Prática de Polícia (EPP), em Torres Novas, terminar com as aulas devido à pandemia, levando a terminar o curso e a fazer estágio numa esquadra do Porto, de onde é natural.

Por ter sido o melhor aluno do curso, Tiago é um dos 20 novos agentes que hoje vai estar em Torres Novas, nas instalações da escola, em formatura para a cerimónia de fim de curso. Os restantes instruendos vão estar nos comandos da Polícia de Segurança Pública onde realizaram os estágios e de onde são naturais para assumirem o compromisso de honra.

Pela primeira vez na história da escola, o compromisso de honra e o juramento da condição policial dos novos agentes não vai acontecer com todos os alunos na EPP, mas sim em todos os comandos do país e sem presença dos familiares e amigos.

Tiago Esteves confessou que o estágio feito em estado de emergência e também em situação de calamidade devido à pandemia de covid-19 foi "sem dúvida diferente".

"O estágio inicialmente estava previsto para cerca de um mês, mas foi prolongado e tive a oportunidade de aprender muita coisa, apanhar diversas ocorrências e participar em muito do serviço", disse.

O novo agente explicou que já conhecia "mais ou menos a esquadra" onde esteve a estagiar no Porto e sabia que era uma das que tinha mais ocorrências numa situação normal, mas quando lá chegou deparou-se com uma "diferença significativa".

"Mesmo o pessoal de lá dizia que aquilo estava completamente diferente", frisou.

Tiago disse que nunca pensou muito se ia ou não ficar infetado com covid-19.

"Estávamos sempre de máscaras ou de viseiras e uma das coisas que aprendemos é que para podermos dar segurança temos de estar nós em segurança. Uma das primeiras atitudes a tomar diariamente era a nossa própria segurança", disse.

O aluno optou pelo curso de agente da PSP depois de ter tirado uma licenciatura em criminologia e feito um estágio da divisão de investigação criminal de uma esquadra do Porto, tendo ainda contribuído para aumentar "o bichinho e o interesse" pela polícia o facto da mãe ser polícia.

Este novo agente, que conta integrar o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, quer agora andar na rua dois ou três anos para ganhar "alguma bagagem e experiência" e depois concorrer ao instituto superior de polícia.

Também Bárbara foi fazer estágio ao comando da PSP da Guarda, na esquadra de Gouveia, de onde é natural.

"Foi complicado porque estamos a viver uma fase muita inesperada em que ninguém sabe ao fim e ao cabo como lidar e acaba por ser difícil nesse aspeto porque é tudo muito novo. Então a PSP teve de se adaptar", disse à Lusa.

A nova agente considerou que o estágio correu "muito bem", tendo aprendido algumas coisas, apesar da zona onde esteve ser mais calma e não existirem tantas ocorrências.

Bárbara confessou que "sempre teve uma panca para vir para a PSP" e sempre a fascinou "aquele trabalho chamado de homem". Depois de ter sido militar na Força Aérea, concorreu para a PSP uma vez e entrou.

Manifestando-se sentir preparada para ser polícia, Barbara também vai integrar o efetivo do Cometlis e está a ponderar um dia mais tarde concorrer ao instituto superior de polícia.

Bárbara sente "alguma pena em não fazer o compromisso como manda a tradição" com todos os colegas juntos na EEP.

"Gostava imenso de viver isso", confessou.

Os 571 novos agentes vão ser colocados no Cometlis e no Comando Regional dos Açores.

 

 

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