Açores justificam quarentena para médicos com defesa da saúde pública
O responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores admitiu hoje que as regras para a deslocação de profissionais de saúde à região possam ser "questionadas", mas justificou-as com a necessidade de assegurar a saúde pública, devido à covid-19.
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País Covid-19
"Podem dizer eventualmente que são demasiado zelosas, mas a verdade é que, derivado da situação epidemiológica a nível regional e nacional, entendemos que são as mais adequadas. Não invalida que dentro de pouco tempo possam ser revistas, mediante aquilo que seja a evolução do surto a nível regional e continental", afirmou Tiago Lopes.
O responsável da Autoridade de Saúde Regional, que é também diretor regional da Saúde dos Açores, falava, em Angra do Heroísmo, num ponto de situação sobre a evolução do surto da covid-19 no arquipélago.
Numa circular normativa publicada na terça-feira, a direção regional da Saúde impõe como obrigação que, além de terem um teste negativo à covid-19 realizado 72 horas antes da partida do voo, os profissionais de saúde que se desloquem aos Açores fiquem três dias em quarentena numa unidade hoteleira, repetindo o teste, após esse período.
Só com um resultado negativo nesse teste, que deverá ser comunicado no prazo de 24 horas, os profissionais de saúde poderão "exercer a sua atividade assistencial mediante atuação e utilização de equipamento de proteção individual".
Se permanecerem mais tempo na região, terão ainda de realizar novos testes ao 7.º, 10.º e 13.º dia a contar da realização do primeiro teste.
Tiago Lopes reconheceu que as regras impostas possam ser "questionadas por parte dos profissionais de saúde e dos diferentes representantes, quer a nível de entidade reguladora, como das ordens ou entidades sindicais", mas sublinhou a necessidade de garantir as devidas "condições de segurança" para a retoma da atividade assistencial nos hospitais dos Açores.
"A nossa decisão foi a salvaguarda da saúde pública, a nível da região, tendo como cenário o contexto epidemiológico em território continental, que se encontra ainda em fase de mitigação e com algumas dificuldades ao nível do que diz respeito a casos de infeção pelo novo coronavírus em unidades de saúde e profissionais de saúde. Prova disso recente foi o que aconteceu no Hospital de Santa Maria, no serviço de pneumologia", apontou.
Questionado sobre o peso das deslocações de especialistas do continente português no Serviço Regional de Saúde, o responsável admitiu que a interrupções dessas deslocações, durante "algumas semanas", devido à pandemia, provocou "constrangimentos junto dos doentes".
"Independentemente de termos diferentes especialidades médicas na região, a verdade é que para alguns procedimentos, para alguns casos, é importante e é pertinente a colaboração de especialistas vindos do exterior da região", avançou.
Apesar das dúvidas sobre a adesão dos profissionais de saúde à região nas condições impostas, Tiago Lopes disse estar confiante de que as deslocações sejam retomadas dentro de dias ou semanas.
"As unidades de saúde já têm retomado esses contactos com as diferentes unidades de saúde do território continental e com os diferentes profissionais que já prestavam apoio aqui na região. Penso que durante os próximos dias e próximas semanas teremos essa deslocação desses profissionais para prestarem apoio a esses profissionais de saúde", revelou.
Os Açores não registam novos casos de infeção pelo novo coronavírus há quatro dias.
Desde o início do surto foram confirmados 146 casos, 17 dos quais atualmente ativos (15 em São Miguel, um no Pico e um na Graciosa), tendo ocorrido 113 recuperações (em seis ilhas) e 16 óbitos (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (108), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).
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