Depois de conhecido o boletim epidemiológico deste domingo, que confirmou o grande aumento de número de recuperados da Covid-19 (para mais de 17 mil), a ministra da Saúde e a diretora-geral de Saúde fazem a habitual conferência de imprensa.
A ministra da Saúde começou por revelar que os 152 novos casos de infeção registados nas últimas horas, "nenhum acontece no Alentejo nem no Algarve", 14 dizem respeito à região Norte, 7 na região Centro e 131 na região de Lisboa e Vale do Tejo que "continua a ser o nosso foco principal de trabalho por estes dias".
A governante disse que, de acordo com os dados da investigação epidemiológica do INSA, a média do RT para os dias 17 a 21 de maio está estimada agora em 1.01. Essa média variou entre 0.97 na região Norte e 1.02 nas regiões Centro e Lisboa e Vale do Tejo. "Em Portugal, a nossa estimativa de RT variou entre 0.81 e 2.33", sublinhou.
Marta Temido deu conta que o relatório semanal para o período 13 a 21 de maio está concluído e que a amostra reúne 1.504 casos confirmados que correspondem a 80% de todos os casos novos que se verificaram neste período. A análise dos dados revela que 48% dos casos eram mulheres, que 36% dos casos novos estão agora no grupo etário entre os 20 e os 39 anos, 55% dos novos casos eram residentes no distrito de Lisboa, sendo agora o segundo distrito mais representado por Setúbal, com 13% dos novos casos. O Porto passa assim a ser o terceiro distrito mais representado com apenas 11% dos novos casos. A ministra sublinhou ainda que 50% dos novos casos eram sintomáticos e 33% assintomáticos, "não havendo informação registada sobre a apresentação clínica dos restantes".
Dos novos casos que constituíam a amostra, 53% tinham registo e informação sobre o tipo de transmissão. E essa transmissão aconteceu nos seguintes termos: 45% entre co-habitantes, 19% em ambiente laboral, 11% em lar, 10% em ambiente social, "uma percentagem que se mantém estável ao longo das semanas".
Ventiladores
A ministra destacou na conferência deste domingo que chegaram mais 60 ventiladores das encomendas feitas pelo SNS. Equipamentos que "vão agora ser submetidos a processos de verificação e testagem", frisou, acrescentando que outros equipamentos, de outro modelo, que foram submetidos a estes processos "revelaram caraterísticas que tiveram de ser revistas tecnicamente". Respondendo de seguida a uma questão sobre este assunto, Marta Temido assumiu que "há um conjunto de equipamentos de um modelo que revelou que não era aquele que os médicos entendiam como mais adequado e isso está a ser resolvido".
"A circunstância de avaliarmos os equipamentos que adquirimos é normal em contexto Covid ou não Covid. E não foi abandonada. Como normalmente pode haver falhas, aqui também. Tudo o que adquirimos foi de acordo com as indicações técnicas. Todos os ventiladores têm certificado CE. Os aparelhos que chegam são sujeitos a processos de testagem e verificação, formais e operacionais. Quando são distribuídos, não há nenhum que seja colocado a funcionar sem ser testado. Quando algum hospital reporta desconformidade, os equipamentos são recolhidos e são feitos contactos com os fornecedores, para correcção ou substituição dos equipamentos ou mesmo resolução da situação contratual. Não há nenhum equipamento em unidade de cuidados intensivos que não tenha sido sujeito a controlo técnico", acrescentou.
Marta Temido sublinhou que Portugal felizmente não precisou de nenhum destes equipamentos novos para a resposta à Covid-19 e, por isso, está a fazer este processo de verificação e testagem dos ventiladores "com uma calma que não aconteceu noutros países". "A circunstância de encontrarmos problemas é a melhor garantia que estamos à procura deles", reforçou, adiantando que o Governo não tem intenções de comprar mais equipamentos além dos que já foram encomendados, até porque a expectativa de o país atingir a autosuficiência de ventiladores com a produção nacional é elevada.
Frisando que tem hoje a destacar "mensagens positivas", Marta Temido reafirmou que o "foco de atenção" incide agora sobre a situação epidemiológica de algumas zonas da região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo que "iremos acompanhar com o maior dos cuidados ao longo dos próximos dias, com o envolvimento de um número de estruturas".
Concretamente sobre o distrito de Setúbal, Graça Freitas referiu que o Ministério da Saúde promoveu uma reunião com as autoridades de saúde de Lisboa e Vale do Tejo e o que se conseguiu apurar é que se trata de uma "situação mista". Ou seja, há pequenos focos nesta região, alguns dos quais aconteceram "por concentrações de pessoas, incluindo em ambiente domiciliário". Há também pequenas concentrações em locais públicos que originarão outros casos, disse, acrescentando ainda pequenos focos em lares e nas obras.
Em resumo, "no distrito de Setúbal não há um grande surto, não há um padrão de epidemia, há pequenos clusters, pequenos focos de vários contextos. Alguns casos são mesmo casos isolados em ambiente familiar", explicou.
Azambuja
A situação "continua a ser acompanha", disse Graça Freitas, destacando que à medida que se fazem mais testes, encontram-se mais casos. A última atualização, feita este domingo, dava conta de 109 caos positivos na Sonae e dois numa empresa e três noutra. Sobre os infetados da Sonae, a responsável referiu que "estão todos bem", revelando a maioria sintomas ligeiros ou assintomáticos, estando apenas um internado em enfermaria.
Kits proibidos pelo Infarmed?
Sobre os 48 mil kits distribuídos pelo Governo que o Infarmed proibiu, Marta Temido disse: "A circunstância de termos as nossas entidades reguladoras, concretamente o Infarmed, a referirem que determinados artigos ou produtos ainda não estão em condições de serem comercializados é sinal de que estão a fazer o seu papel".
"Os testes analíticos cumprem a metodologia aprovada pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e temos de distinguir o que são critérios de realização de testagem do que são critérios de introdução no mercado", justificou ainda, concluindo: "Claro que gostaríamos que estes processos fossem todos perfeitos, mas cumprem-nos confiar que as instituições estão a fazer o seu papel".
Recorde aqui a conferência de imprensa da DGS.