O Infarmed vai suspender o tratamento com hidroxicloroquina a doentes com Covid-19, avança a Antena 1, adiantando que a informação deverá chegar aos hospitais ainda esta quinta-feira. Portugal é assim o quarto país na União Europeia a suspender o tratamento com o fármaco, depois de França, Itália e Bélgica terem tomado a mesma opção.
A decisão da autoridade do medicamento foi tomada em conjunto com a Direção-Geral de Saúde depois de a própria OMS ter suspendido temporariamente os ensaios clínicos com o fármaco habitualmente usado para o tratamento da Malária.
Tedros Ghebreyesus destacou, na habitual conferência de imprensa da OMS na segunda-feira, que o resto dos testes clínicos solidários com outras terapias vão continuar em mais de 400 hospitais em 35 países, que contam com 3.500 voluntários.
No comunicado conjunto, o Infarmed e a DGS referem que "a cloroquina e hidroxicloroquina apresentaram resultados promissores em laboratório, por inibirem o SARS-COV-2 'in vitro', parecendo a hidroxicloroquina ter uma atividade antiviral mais potente" tendo a utilização dos medicamentos sido preconizada por diversas linhas de orientação clínica internacionais.
Porém, após um estudo com mais de 90 mil doentes com covid-19, cujos resultados foram publicados na revista médica britânica The Lancet, a OMS decidiu suspender a inclusão de novos doentes em tratamento com hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidarity, que decorria em vários países e que em Portugal estava em fase de implementação ainda sem doentes incluídos.
Os autores do estudo dizem "não ter conseguido confirmar o benefício da hidroxicloroquina ou da cloroquina nestes doentes", apontando um acréscimo de efeitos adversos potencialmente graves, incluindo "um aumento da mortalidade", durante a hospitalização de doentes com Covid-19.
As conclusões do estudo vão agora ser confirmadas através de ensaios clínicos aleatorizados e controlados, pelo que a suspensão da hidroxicloroquina será revista à luz da revisão do Comité de Monitorização da Segurança da OMS prevista para junho.
A recomendação do Infarmed e da DGS restringe-se ao uso deste medicamento apenas em doentes com covid-19, sublinhando-se que "os doentes que estavam a ser tratados com hidroxicloroquina para outras patologias, doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistémico, artrite reumatoide e malária, para as quais estas moléculas estão aprovadas, não devem interromper o seu tratamento".
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a covid-19 já provocou mais de 355 mil mortos e infetou mais de 5,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados. Em Portugal, morreram 1.369 pessoas das 31.596 confirmadas como infetadas, e há 18.637 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.