AR lamenta morte de Maria Velho da Costa, "figura ímpar das letras"

A Assembleia da República aprovou hoje um voto de pesar pelo falecimento de Maria Velho da Costa, uma "figura ímpar das letras" e "escritora com grande consciência ideológica e crítica", que nunca deixou de lutar pela libertação das mulheres.

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Lusa
28/05/2020 18:26 ‧ 28/05/2020 por Lusa

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Óbito

O voto de pesar pela morte da escritora Maria Velho da Costa, apresentado pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, foi aprovado por unanimidade em sessão plenária do parlamento. Os deputados cumpriram um minuto de silêncio, também pela morte do Carlos Barroso, secretário-geral da Fundação Mário Soares.

"Escritora com grande consciência ideológica e crítica, Maria Velho da Costa nunca deixou de exortar e se bater pela libertação das mulheres, tendo sido, até ao último dos seus dias, uma voz singular em defesa da sua emancipação", enaltece o voto.

A Assembleia da República expressou assim "o seu pesar pelo falecimento de Maria Velho da Costa, recordando a figura ímpar das letras", que foi ainda "ficcionista, ensaísta e dramaturga, culta e inventiva".

"Foi coautora, com Maria Isabel Barreno (já desaparecida) e Maria Teresa Horta, das Novas Cartas Portuguesas (1972), um dos mais relevantes e originais romances portugueses da segunda metade do século XX, que se tornou um marco pela abordagem à situação das mulheres nas sociedades contemporâneas", recorda.

De acordo com o voto, "à publicação da obra, em que as autoras denunciaram ousadamente a repressão e a censura do regime do Estado Novo, seguiu-se um vasto conjunto de ameaças, interrogatórios e um processo judicial que, apesar de ter desencadeado um importante movimento intelectual de solidariedade, nacional e internacional, as 'Três Marias' só viram suspenso com a chegada da Democracia".

O parlamento assinala a vasta obra da escritora, que lhe valeu, em 2002, o Prémio Camões, considerando que em 2003 foi "justamente agraciada como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, como Grande-Oficial da Ordem da Liberdade".

Em 2013 recebeu o Prémio Vida Literária, da APE, afirmando, no discurso de aceitação, que a literatura não é só "uma arte, um ofício", mas também "a palavra no tempo, na história, no apelo do entusiasmo do que pode ser lido ou ouvido, a busca da beleza ou da exatidão ou da graça do sentir".

A escritora portuguesa Maria Velho da Costa, Prémio Camões em 2002, morreu sábado, aos 81 anos, disse à agência Lusa a realizadora Margarida Gil, amiga da família.

Segundo Margarida Gil, a premiada romancista estava fisicamente debilitada mas lúcida e morreu de forma súbita em casa, em Lisboa.

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