É num ritmo frenético que vários funcionários do bar de praia Fizz, situado na praia de Carcavelos, no concelho de Cascais, se deslocam pelo espaço para executar várias tarefas de limpeza e de pinturas.
Uns metros mais à frente, uma retroescavadora perfura o areal, onde são colocadas estacas para construir corredores de circulação, uma das soluções encontradas para permitir distanciamento físico entre os banhistas.
Com olhar atento ao que se vai passando, Vasco David, diretor do bar "Fizz" e também do restaurante Pastorinha, relata à agência Lusa os procedimentos adotados para cumprir as exigências determinadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
"Aqui na praia temos já os colmos com as distâncias regulamentares de três metros de aba a aba. Temos o nosso espaço já circundado e toda a sinalética que é pedida", conta, sublinhando que também o espaço interior foi alvo de várias mudanças de funcionamento.
Apesar de ser uma época balnear "bastante atípica", devido à pandemia da covid-19, Vasco David manifesta-se otimista com o negócio.
"As nossas expectativas não são más. Ou seja, nós esperamos dificuldades, porque isto é novo para toda a gente. No entanto, as expectativas são boas porque as pessoas já estão a precisar de apanhar ar, sol, e a praia sempre foi um sítio ótimo para isso", sublinha.
Cerca de um quilómetro mais à frente, junto ao restaurante Casa da Praia, ainda na praia de Carcavelos, é também notório os últimos preparativos para a reabertura da época balnear.
Alexandre Martinez Marques, responsável por este concessionário, conta à Lusa que estão a fazer "todos os possíveis" para terminar os trabalhos na sexta-feira.
"Esperamos ter a nossa área concessionada preparada para sábado. Vamos ver se conseguimos. Teremos cerca de metade dos chapéus e espreguiçadeiras que costumamos ter", refere, apontando para o areal.
Á semelhança de outros concessionários, também o responsável pela "Casa da Praia" quer acreditar que a época balnear será positiva.
"Este ano tudo é diferente e nós estamos conscientes disso. Mas estamos otimistas porque o difícil foi estar parado dois meses. Foi extremamente penalizador. Mas, agora estamos abertos e cheios de vontade de trabalhar", atira.
No entanto, nem todos conseguem esconder a tristeza pela situação que será vivida este ano, como é o caso de Jean Paul, um francês que gere há cinco anos o restaurante "La Plage".
"É muito complicado para nós. Estou aqui há cinco anos e nunca vi uma coisa assim. A praia tão vazia", lamenta, num português misturado com francês.
As readaptações às medidas impostas pela DGS nas praias do concelho de Carcavelos têm sido acompanhadas de perto pela representante dos concessionários do concelho, Paula Vilafanha, que aproveita ao máximo para dar dicas e explicações aos seus associados.
"Todos os concessionários fizeram um esforço enorme para conseguir corresponder às indicações da DGS. A maioria dos concessionários são pequenas e médias empresas e já todos percebemos que estamos a viver um ano do ponto de vista empresarial em que a prioridade será sobreviver e manter os negócios abertos", ressalva.
Apesar das dificuldades, a responsável faz um balanço positivo do trabalho que está a ser desenvolvido pelos concessionários.
"Existe um grande espírito de colaboração para ultrapassar o desafio que esta pandemia nos apresentou a todos. É um cenário totalmente novo e não existe um manual de normas", atesta.
Na vizinha praia da Torre, já no concelho de Oeiras, o cenário é também de azafama por parte dos concessionários, embora a época balnear se inicie uns dias mais tarde, em 10 de junho.
"Há uma série de procedimentos que temos de prever, entradas, saídas, circulação e a desinfeção dos colmos. Depois temos os horários que não poderão ser do dia inteiro, mas sim em dois turnos. É uma corrida contra o tempo para que não falhe nada", sublinha a diretora comercial do Beach Oeiras Club, Mafalda Pedretti.
Novamente na praia de Carcavelos, dois nadadores-salvadores percorrem o extenso areal numa mota 4, enquanto observam atentamente os banhistas que arriscam um mergulho.
João Pinheiro, um dos nadadores-salvadores, sublinha à Lusa que, além dos salvamentos no areal ou no mar, estes profissionais terão um papel importante na sensibilização para o cumprimento das medidas de segurança.
"Por norma, acho que têm respeitado e mantido a distância. Tentamos conversar o máximo possível com as pessoas para as sensibilizar, mas não somos nenhuma autoridade. Este verão vai ser diferente de todos, mas espero que seja o mais normal possível", atestou.
Segundo as recomendações do Governo, durante a época balnear os utentes das praias devem assegurar um distanciamento físico de 1,5 metros entre diferentes grupos e afastamento de três metros entre chapéus-de-sol, toldos ou colmos.
Já os restaurantes, bares ou esplanadas devem higienizar regularmente os espaços (com o mínimo de quatro limpezas diárias), limitar a capacidade a 50% e reorganizar as esplanadas para assegurar o distanciamento de segurança.
Os toldos e chapéus a cargo dos concessionários, só poderão ser alugados por cada pessoa ou grupo numa manhã (até às 13:30) ou tarde (a partir das 14:00) e todos os equipamentos como gaivotas, chuveiros, espreguiçadeiras ou cinzeiros "devem ser higienizados diariamente ou sempre que ocorra a mudança de utente".
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 385 mil mortos e infetou mais de 6,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,8 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.455 pessoas das 33.592 confirmadas como infetadas, e há 20.323 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.