Jornal diz (erradamente) que Portugal tem maior taxa de infeção na Europa
O tablóide britânico Daily Mail escreve que só há dois países "piores" do que o Reino Unido no que toca às taxas de infeção por Covid-19 por milhão de habitantes: Os Estados Unidos e Portugal.
© Getty Images
País Covid-19
O artigo do Daily Mail, publicado esta terça-feira, faz uma comparação entre os vários países preferidos dos britânicos para viajar, tendo em conta a taxa de infeção pelo novo coronavírus por milhão de habitantes.
Pelas contas feitas pelo tablóide, que analisa os casos novos de um dia (sem ter em conta, por exemplo o número de testes realizados por 100 mil habitantes), Portugal é descrito como o país europeu com maior taxa de infeção, uma taxa só superada, a nível mundial, pelos Estados Unidos. Assim, e de acordo com a leitura do Daily Mail, Portugal e os Estados Unidos são os únicos países "piores" do que o Reino Unido neste ranking.
No mapa que acompanha o artigo, Portugal surge como o país com maior risco de infeção, atrás de países como Itália, França, Espanha, Holanda, Bélgica, México, Nova Zelândia e outros.
Ora, tal não corresponde exatamente à verdade dado que a taxa de infeção não se calcula analisando apenas um dia.
De acordo com os dados disponíveis na plataforma EyeData desenvolvida pela agência Lusa, Portugal ocupa o 23.º lugar no ranking de infetados por milhão de habitantes. No total, o país regista 1.455 mortes relacionadas com a Covid-19 e 33.592 infetados, segundo o boletim da DGS desta quinta-feira.
O Reino Unido, por sua vez, ocupa o 14º. lugar no ranking dos países com maior taxa de infeção por milhão de habitantes. O país, o 4º. no mundo com mais casos de contágio (mais de 283 mil), é o segundo com mais mortes (quase 40 mil), depois dos Estados Unidos que, com mais de 108 mil óbitos, é o país com maior número de vítimas mortais associadas à Covid-19.
Em declarações ao Diário de Notícias, o ministro dos Negócios Estrangeiros comenta o artigo do tabloide britânico considerando a informação descontextualizada e defendendo que "a situação epidemiológica de um país não pode ser discutida com base num dia e num indicador".
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