"Preocupação em 5 concelhos de Lisboa" obriga a reunião na segunda-feira

Esta sexta-feira, Marta Temido esteve ao lado de Graça Freitas para atualizar os portugueses sobre o quadro epidemiológico no país.

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Notícias Ao Minuto
19/06/2020 16:00 ‧ 19/06/2020 por Notícias Ao Minuto

País

Covid-19

A conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus - que deixou de ser diária e passou a realizar-se três vezes por semana - contou, esta sexta-feira, com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, e da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

O mais recente boletim epidemiológico foi divulgado esta tarde, registando mais três mortos, mais 375 novos casos nas últimas 24 horas, bem como mais 467 recuperados.

Marta Temido iniciou a conferência de imprensa de hoje anunciando que, na próxima segunda-feira, haverá uma reunião para decidir o que fazer com o aumento de casos na Área Metropolitana de Lisboa, com o primeiro-ministro e a presença de várias entidades.

“A maior preocupação está circunscrita a cinco concelhos da área de Lisboa [...]. Decidimos tomar uma iniciativa para a realização de uma reunião na próxima segunda-feira de manhã, que contará com a presença do primeiro-ministro e que envolverá o presidente da Área Metropolitana de Lisboa e os presidentes de câmara destas áreas geográficas", disse a governante, assumindo que as autoridades de saúde estão "a ter dificuldades em quebrar as cadeias de transmissão, ainda que o R seja inferior aquilo que já foi”, revelou.

Antes de passar às perguntas dos jornalistas, a ministra da Saúde relembrou que "a violação de dever de confinamento pode ser punido como crime de desobediência até um ano e quatro meses de prisão", alertando assim as pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus ou suspeitas de terem sido infetadas com o mesmo.

"Os portugueses fizeram sacrifícios enormes nos últimos meses e o ministério da Saúde e Governo não irão correr o risco de deixar que esse esforço seja desperdiçado. O comportamento individual é a melhor forma de cada um se proteger a si, proteger os mais expostos e vulneráveis e proteger o sistema de saúde. Isto é uma maratona, não é um sprint. Não é possível baixar a guarda e estão redondamente enganados aqueles que pensam que podem regressar às suas vidas na normalidade anterior", atirou a ministra, acrescentando que "isso só acontecerá quando uma vacina ou um tratamento eficaz forem descobertos. Daqui até lá não hesitaremos em usar as medidas de saúde pública necessárias a que a supressão da doença seja efetivamente adquirida e conquistada para todos”.

Cercas sanitárias em freguesias afetadas? "Estão previstas outras medidas"

Questionada sobre a possibilidade de colocar cercas sanitárias nas freguesias de concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, mais afetadas pelo novo coronavírus, a ministra garantiu que "estão previstas outras medidas para conter os surtos". "Há freguesias identificadas como hotspots, mas estamos a apurar em quais vão tomar medidas excecionais", explicou, apelando "a todos os que têm Covid-19 para indicarem as pessoas com quem estiveram em contacto".

"Mais de 3 mil profissionais de saúde infetados"

Sobre o registo de casos de Covid-19 entre os profissionais de saúde, Marta Temido esclarece que foram registados "mais de 3 mil infetados" no setor.

Os últimos números apontam assim para 3.681 profissionais de saúde infetados, dos quais 516 são médicos, 1.180 enfermeiros, 1.082 assistentes operacionais, 166 assistentes técnicos, 113 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e 620 profissionais de grupos profissionais diversos. Há já 3.053 profissionais de saúde recuperados.

Surto de Covid-19 no IPO já fez um morto. Há 17 doentes infetados

Apesar de Graça Freitas garantir que o surto no IPO de Lisboa "está controlado" e que esta unidade hospitalar "tem um excelente plano de contigência interno", a verdade é que a Covid-19 já fez um morto e infetou 13 profissionais e 17 doentes no IPO.

Foi mesmo a ministra da Saúde que confirmou o óbito, revelando que o doente acabou por morrer noutra unidade de saúde, depois de ser transferido do IPO por ter resultados positivos no teste à Covid-19. "Tanto quanto é do meu conhecimento, um dos doentes que foi transferido terá falecido numa outra unidade de Saúde", explicou Marta Temido sem, contudo, avançar mais detalhes.

Capacidade dos hospitais ainda está "com um grande conforto"

Sobre a capacidade dos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, a ministra da Saúde recusou a ideia desta estar próxima de ser atingida. "Naturalmente que há hospitais que neste momento estão mais próximos de terem a capacidade completa, é o caso do hospital Fernando da Fonseca, mas a capacidade instalada em Lisboa e Vale do Tejo está ainda com um grande conforto a responder aquilo que é a procura", garantiu.

Discotecas? "Apelo à calma, houve agora um surto no Algarve depois de uma festa"

Quanto à reabertura das discotecas, Graça Freitas apelou à calma e recordou que o surto no Algarve se deve a uma festa que se realizou com mais de 200 pessoas e infetou, pelo menos, 90.

"Apelo à calma, porque ainda há uma situação muito preocupante em Lisboa e Vale do Tejo e houve agora um surto com resultado numa festa em Lagos, no Algarve. Estamos sensíveis para que a economia funcione, mas temos de controlar a epidemia", reiterou a diretora-geral da saúde, lembrando que foram infetadas não só pessoas que participaram na festa, como familiares destas e até crianças.

Sobre a mesma festa, Marta Temido, indicou que “não está em causa um cerco sanitário”, contudo, frisou que "a violação das regras é crime".

"Não é um cerco sanitário que institui a racionalidade suficiente para as pessoas se absterem de comportamentos que põem em causa a sua saúde, a saúde das que lhe estão próximas e a capacidade de resposta de todo o sistema de saúde [...]. A violação das regras que estão instituídas neste momento é um crime. Estamos a falar de algo que é bastante mais grave e importante do que uma cerca sanitária", sublinhou.

Já sobre a realização da Volta a Portugal em bicicleta, a governante adiantou que o assunto "está a ser analisado e falaremos a seu tempo".

A melhor forma de reconhecer o trabalho dos profissionais de saúde? "Responsabilidade"

Questionada sobre as palavras do primeiro-ministro - que disse que a realização da final da Champions League, em Portugal, era um "prémio" para os profissionais de saúde - e sobre um possível aumento salarial para o setor, tal como tem acontecido noutros países, Marta Temido respondeu apenas que "a melhor forma de reconhecer o trabalho dos profissionais de saúde é garantir que as orientações que nos dão são respeitadas".

"Mais uma vez apelo à responsabilidade individual. Não há Estado nenhum que consiga fazer o que é responsabilidade dos indivíduos", concluiu.

Veja abaixo o briefing desta sexta-feira:

 

 

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