A conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus desta segunda-feira já começou e conta hoje com a presença do secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Saliente-se que o último boletim epidemiológico regista mais quatro mortes e 259 novos casos nas últimas 24 horas.
A conferência de imprensa de hoje começou com António Lacerda Sales a relembrar que Portugal ainda não está livre da Covid-19. "Ainda não é seguro", disse o secretário de Estado da Saúde, antes de anunciar um reforço de profissionais de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo.
"Houve um reforço de profissionais de saúde nas unidades da Amadora, Sintra, Loures e Odivelas, que já duplicaram a capacidade de realização de inquérito epidemiológicos. São mais de 20 recursos humanos. Muitos dos profissionais vão começar esta semana [...]. Estamos a falar de focos e tal como nos focos de incêndio temos de acudir com os meios para que os focos não se alastrem", explicou, adiantando, contudo, que os serviços de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo "não estão sob grande pressão".
Apesar disso, Lacerda Sales acabou por referir que o Hospital Amadora-Sintra e Beatriz Ângelo são os hospitais "mais pressionados" da região.
Antes de passar a palavra a Graça Freitas, o governante reiterou que "desconfinar não é relaxar nem desresponsabilizar". "Temos a obrigação de continuar a cuidar uns dos outros. Os mais jovens têm a obrigação de proteger os mais velhos e mais frágeis [...]. Ainda não temos vacina", explicou.
Já a diretora-geral da saúde quis deixar uma nota sobre a chegada do verão, deixando algumas recomendações para as próximas ondas de calor.
"Estejam muito atentos às subidas de temperatura [...]. Todas as recomendações que habitualmente fazemos aplicam-se também a este verão. Não nos podemos distrair de outras coisas além da Covid. É necessário proteger os mais novos, os mais velhos, os mais vulneráveis", reiterou a responsável, acrescentando que as pessoas não se podem esquecer de se manterem hidratadas, de usar “roupas largas e protegidas”, chapéus e óculos para se protegerem contra o calor.
"Se tiverem sintomas, não os deixem arrastar-se"
Posteriormente, Graça Freitas recordou algumas recomendações da DGS, importantes para evitar a propagação do vírus, como o distanciamento social "algo que não é respeitado nos ajuntamentos", a "higiene das mãos", a utilização de máscara, medidas de etiqueta respiratória e a desinfeção de superfície e objetos. A "partilha de garrafas e copos" entre jovens é um vetor de transmissão da doença, salientou.
Além disso, Graça Freitas apelou a que, "se tiverem sintomas, não os deixem arrastar-se, procurem a SNS24". "Mesmo dentro de uma habitação, se aparecer um caso, esse caso deve isolar-se dos demais", recordou a diretora-geral da Saúde.
"Não sair, não sair, não sair. Estão a pôr em risco os outros", atirou a responsável, sobre quem está em isolamento.
Para as 15 freguesias que são, neste momento, o foco da doença na região de Lisboa, Graça Freitas pediu "prevenção", "rapidez" e "cumprimento do isolamento". "Vamos focalizar a nossa ação nelas", garantiu.
"A única forma de evitar [o contágio] é minimizar a socialização e os contactos físicos entre pessoas e aumentar a distância de uns para os outros", acrescentou a responsável.
Profissionais dos lares são "grandes vetores da doença"
Os lares de idosos "continuam a ser um dos focos da atenção da DGS" e, de acordo com a diretora-geral da Saúde, sabe-se que "são os profissionais os grandes vetores da doença" e, assim sendo, Graça Freitas apelou aos profissionais que cumpram as regras, lembrando que as visitas a lares com casos positivos são imediatamente suspensas.
Sobre o lar de Caneças, a responsável confirmou o surto (com 60 utentes e 27 funcionários infetados) e explicou que já foram tomadas medidas para distanciar os diferentes utentes.
Resultados de testes imunológicos só no final de julho
Questionado sobre os resultados dos testes imunológicos, Lacerda Sales explicou que estes só serão entregues ao Governo no final do mês de julho. As colheitas para aferir a imunidade da população novo coronavírus, terminam esta semana.
"O abraço e o beijo têm de ser colocados de lado"
Sobre as “regras de convívio”, Graça Freitas sublinhou que diferentes grupos de pessoas não devem conviver de perto e frisou que “a partilha física, o abraço, o beijo tem de ser colocados de lado". "Também temos de ter cuidado com a distância social", lembrou a responsável.
Portos e aeroportos vão receber orientações atualizadas
A DGS prevê atualizar, em breve, as orientações para portos e aeroportos "para que tudo corra bem", avançou hoje Graça Freitas.
As medidas a aplicar aos aeroportos do continente e aeródromos internacionais estão a ser estudadas e serão decididas em coordenação com a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), sendo que neste momento é medida a temperatura de quem entra no país, é fornecida informação aos passageiros e está a acontecer "o preenchimento do cartão de localização do passageiro" que permite, em caso de infeção, saber quem viajou perto de quem.
Num futuro próximo, disse a diretora-geral da saúde, estes cartões serão "desmaterializados".
De janeiro a junho, registaram-se mais 1910 óbitos, 1525 por Covid-19
Já no final da conferência, Graça Freitas voltou a lembrar o perigo das ondas de calor. Numa comparação com a mortalidade verificada nos anos transatos, a responsável esclareceu que, de janeiro a junho, registaram-se mais 1910 óbitos, sendo 1525 por Covid-19, sendo que, durante a onda de calor, sentida há cerca de três semanas, houve uma subida na mortalidade de 510 casos.
"O aumento do número de mortes está relacionado com os picos de calor", frisou.
A responsável recordou ainda que os hospitais estão preparados para receber doentes Covid e não-Covid e que, por isso os utentes não devem "arrastar as situações de doença".
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[Notícia em atualização]