Portugal tem "stock disponível do Remdesivir", garante Infarmed

A garantia do Infarmed surge depois de os EUA terem alegadamente comprado mais de 500 mil doses do medicamento, o que equivaleria à quase totalidade do stock do fármaco para os próximos três meses.

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Filipa Matias Pereira
01/07/2020 19:47 ‧ 01/07/2020 por Filipa Matias Pereira

País

Covid-19

O efeito do Remdesivir no tratamento da Covid-19 terá levado os EUA a comprarem mais de 500 mil doses do fármaco e a deixarem o stock mundial quase esgotado para os próximos três meses. Especialistas mostram-se preocupados e Portugal decidiu, inclusive, contactar a farmacêutica. Garante agora o Infarmed, que há "stock disponível".

Ao início da tarde de hoje, a secretária de Estado Adjunta e da Saúde dava conta, na habitual conferência relativa à evolução da Covid-19, que o Infarmed tinha entrado em contacto com a Gilead, farmacêutica responsável pela produção do Remdesivir, para avaliar o stock disponível. Só depois de obter a resposta, Portugal estaria em condições de assegurar a administração do medicamento no futuro. 

Ao final da tarde, em comunicado enviado às redações, o Infarmed garante que "existe stock disponível do medicamento Remdesivir, de acordo com as alocações que têm vindo a ser feitas ao nosso país, constituindo uma primeira reserva que garante o acesso imediato ao medicamento". 

A Gilead, citada pelo Infarmed"antecipa que não venha a existir qualquer constrangimento no acesso ao tratamento por parte dos doentes portugueses", pode ainda ler-se.

Recorda o Infarmed que o Remdesivir obteve um parecer positivo do Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a "autorização deverá ser concedida em breve pela Comissão Europeia". Esta autorização será, porém, "condicional por ainda se aguardarem resultados confirmatórios".

A Autoridade Nacional do Medicamento indica também que o fármaco, projetado inicialmente para ser usado contra o Ébola, já era usado em Portugal "mesmo antes de ter a referida autorização condicional", se assim os "médicos assistentes o entendessem. Todos os pedidos de acesso ao medicamento pelos hospitais nacionais foram concedidos". 

Para o Governo português, comprar o fármaco de forma massiva como fizeram os EUA não era uma solução viável. "Não temos sinal de que uma intervenção do género da dos EUA pudesse ser vista como positiva por parte da comunidade médica", indicou Jamila Madeira. 

Quanto à eficácia do Remdesivir no combate à Covid-19, vale ainda recordar que já no final de abril havia o registo de dados positivos no que toca ao tratamento de pessoas infetadas. Por esta altura, os cientistas verificaram que o uso do Remdesivir, um antiviral de uso hospitalar, trazia benefícios claros para os pacientes, pelo que consideraram que era antiético não avançar com a experiência.

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