Depois das notícias que esta terça-feira davam conta de que os Bombeiros da corporação de Paços de Ferreira comunicaram à GNR que o presidente da Câmara local "desrespeitou o isolamento profilático de 14 dias a que estava obrigado", após ter declarado que testou positivo para Covid-19, Humberto Brito recorreu ao Facebook para se defender e explicar a situação em que está envolvido.
Dirigindo-se aos munícipes, o autarca começa por revelar que se encontra num "momento particularmente difícil", explicitando que não se deve aos exames à Covid-19 - "cujos exames posteriores vieram a verificar-se negativos, e já são cinco, incluindo os serológicos que indiciam que nunca fui infetado pelo vírus" - mas pelo facto de o seu pai ter sofrido, este domingo, um enfarte.
Humberto Leão de Brito prossegue, afirmando que "gostaria que todos soubessem do que se passou": "Às 7h30 da manhã recebi um telefonema da minha mãe dizendo que o meu pai estava a morrer" e "imediatamente" contactou o INEM e deslocou-se ao hospital.
"Qual o filho que não acudiria ao seu pai? Fi-lo como filho, mas também o fiz sabendo que tinha testado negativo. Dirigi-me ao hospital. Fui ao hospital não fui a nenhum café ou ao supermercado. E fui como qualquer filho teria ido. Fui porque tinha de ir", continua.
"Fui porque tinha testado negativo. Fui e não estive ao pé de ninguém. Usei máscara. Mas tinha de estar ali porque o meu pai estava a morrer. E queria estar o mais possível perto dele. Mesmo não podendo estar ao pé dele. Fui a um hospital!!!", revela.
Na mesma publicação, Humberto Leão de Brito refere que a este ato se chama "dignidade humana possível de um filho que ama o seu pai e que nestas horas de angústia chorou sem parar". Para "espanto" do presidente da Câmara de Paços de Ferreira, nesse dia foi "contactado pela GNR dizendo que os bombeiros de Paços me denunciaram e que estaria a violar o dever de confinamento".
O autarca justifica ainda que "ninguém dos bombeiros" lhe perguntou "o que fazia num hospital" e que o denunciaram "como se um criminoso fosse". Perante estes factos, diz ter contactado "de imediato o presidente dos bombeiros", enviando-lhe os testes negativos.
"O mesmo fiz com o comandante da GNR de Paços de Ferreira. O mesmo fiz com a delegada de saúde pública local que ia acompanhando a minha desconfiança sobre o meu teste positivo", sublinha.
"Inacreditavelmente", prossegue, ontem foi contactado pela Lusa "depois de fonte dos bombeiros querer que saísse uma notícia sobre a violação do meu dever de confinamento". "Já não bastava a denúncia na GNR. Era preciso sangue. Sem nunca me perguntarem nada mesmo depois de ter mostrado que estava negativo e provavelmente nunca ter sido positivo. Sem quererem saber de nada. Aliás sabendo a tragédia pessoal que estava a viver. Isto é vil, é desumano, é deplorável", considera.
"Na política não pode valer tudo. E o que elementos dos bombeiros de PF estão a querer fazer comigo é de uma baixeza inacreditável", escreve ainda, desejando que os munícipes "apenas que saibam que sempre cumpri com as minhas obrigações".
Por fim, Humberto Leão de Brito diz ter "sentido na pele o que é a repulsa pelos doentes positivos" e pede que rezem pelo pai que se encontra "internado nos Cuidados Intensivos entre a vida e a morte".
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