Centenas de pessoas encontram-se junto à Câmara Municipal de Santo Tirso, na noite desta segunda-feira, a exigir justiça pelos animais que morreram carbonizados em dois canis ilegais da Serra da Agrela, na madrugada de domingo.
A manifestação 'Justiça pelos Animais de Santo Tirso' foi organizada esta segunda-feira por um grupo de ativistas e desde logo chamou a atenção com mais de 1.500 pessoas a garantirem a presença e quase sete mil a mostrarem solidariedade com a causa.
Nas redes sociais são vários os vídeos do local que mostram centenas de cidadãos, de máscaras para evitar a propagação da Covid-19, a lutarem pelos direitos dos animais que estavam nestes abrigos ilegais e a pedirem responsabilidade.
Nas imagens é possível ver várias faixas de luto, assim como balões brancos. Há ainda vídeos que mostram o 'um minuto de silêncio' que os populares fizeram pelos animais que morreram queimados na Agrela.
"Estamos a protestar contra a inação da Câmara de Santo Tirso, que apenas reagiu à 1h00 de domingo", acusou António Soares, um dos quatro promotores da vigília.
Perante um número crescente de pessoas que continuava a chegar à praça em frente dos Paços do Concelho, António Soares anunciou as exigências que quer ver garantidas pelo município liderada por Alberto Costa.
"Queremos justiça para os animais e que seja aberta uma investigação ao canil, à inação da câmara e que esta faça um rastreio de todos os canis ilegais que há no concelho, que os legalize e que apoie as associações", defendeu.
Para António Soares, "os culpados deste massacre são a câmara, pela sua inação, pois há muito tempo que sabia da existência do canil [Cantinho das quatro patas] e que não tinha condições para albergar aqueles animais, onde eram maltratados e nada fez", assim como a GNR e os proprietários.
"A GNR também tem culpa porque não reagiu e pactuou com o massacre que aconteceu no passado fim de semana", considerou, acusando "os proprietários" de "serem de um egoísmo extremo, pois puseram o dinheiro à frente de qualquer vida".
Na concentração, onde se viam famílias, jovens ou idosos, as diversas intervenções, ao longo de quase hora e meia de duração, foram ora ovacionadas, ora interrompidos com gritos de "assassinos" e "cobardes", sempre dirigidas aos donos do abrigo ilegal consumido no sábado por um fogo proveniente de Valongo.
A Polícia Municipal acompanhou de perto a concentração, posicionando-se entre a praça e a entrada dos Paços do Concelho.
O ministro da Administração Interna determinou hoje a abertura de um inquérito à atuação da GNR e da Proteção Civil no incêndio que matou 54 animais.
Já a Procuradoria-Geral da República anunciou a abertura de um inquérito.
Segundo a GNR, a morte dos animais no incêndio não se deveu ao facto de ter impedido o acesso de populares ao local, mas à dimensão do fogo e à quantidade de animais.
A morte de 52 cães e dois gatos carbonizados motivou reações dos partidos políticos, com PAN, BE e PCP a exigirem explicações do Governo.
O partido Pessoas Animais e Natureza (PAN) informou que apresentou queixa ao Ministério Público por "crime contra animais de companhia".
O PEV propôs hoje que o parlamento recomende ao Governo para que faça um levantamento nacional de abrigos particulares como os de Santo Tirso.
Secundando os partidos, a associação Animal pediu ao Governo e ao parlamento para que sejam apuradas responsabilidades.
Uma petição, com milhares de assinaturas já recolhidas, reclama justiça.