"Hoje, pelas 14h, Bruno Candé Marques, cidadão português negro, foi assassinado com 4 tiros à queima roupa. O seu assassino já o havia ameaçado de morte três dias antes e reiteradamente proferiu insultos racistas contra a vítima", afirma o SOS Racismo em comunicado.
Para a associação, "o caráter premeditado do assassinato não deixa margem para dúvidas de que se trata de um crime com motivações de ódio racial".
No comunicado, o SOS Racismo pede que o "assassinato do Bruno Candé Marques não seja mais um sem consequências", exigindo que "justiça seja feita".
A vítima, identificada como Bruno Candé Marques, que, de acordo com o Público, era ator da companhia de teatro Casa Conveniente, morreu hoje após ter sido "baleado em várias zonas do corpo", na avenida de Moscavide, no concelho de Loures, distrito de Lisboa. Deixa três filhos menores de 7, 5 e 3 anos de idade.
O alerta para a situação de disparos na avenida de Moscavide ocorreu pelas 13:20, e quando a Polícia de Segurança Pública (PSP) chegou ao local encontrou "um homem que tinha sido baleado em várias zonas do corpo por outro homem".
Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP disse à Lusa que o óbito foi declarado no local e que o homem responsável pelos disparos foi detido, tendo-lhe sido apreendida uma arma de fogo. Em declarações aos jornalistas no local, pelas 16:00, o comissário do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP Bruno Pires adiantou que a vítima tem "cerca de 40 anos" e o suspeito de homicídio tem "cerca de 80 anos".
"O detido, após os disparos, foi retido por populares até à chegada da PSP, não ofereceu resistência e, neste momento, encontra-se na nossa custódia", referiu o comissário Bruno Pires, acrescentando que o suspeito está num dos departamentos policiais do Comando Metropolitano de Lisboa.
O crime ocorreu na via pública, "em plena avenida de Moscavide", onde foram registados "alguns disparos" cujos vestígios "estão a ser recolhidos pela Polícia Judiciária", por se tratar de um crime de homicídio, avançou o comissário da PSP.
Questionado sobre se o crime foi motivado por racismo, Bruno Pires referiu que "a única coisa que se sabe, e que poderá ser útil para a investigação, é que já existem relatos ao longo desta semana de desacatos [entre vítima e agressor]", mas a PSP ainda desconhece o motivo dos mesmos. "Dos relatos que conseguimos, não foi adiantada muita informação", reforçou.
Os populares indicaram, às televisões, que havia um desentendimento por causa de uma cadela que Bruno usava como guia desde que esteve envolvido num acidente que o deixou com sequelas. De acordo com o testemunhos, a família da vítima queixava-se há dias de insultos racistas por parte do agressor, que procurava Bruno nos cafés da zona. O animal, que estava com o dono, está desaparecido desde o homicídio.
A ocorrência mobilizou "dezenas de polícias", inclusive devido à necessidade de interromper o trânsito na avenida de Moscavide.
[Notícia atualizada às 22h30]