Em declarações à Lusa, à margem de uma ação de acompanhamento da evolução da ocupação da praia do Forte, localizada junto à foz do rio Mondego, Nelson Silva, chefe de divisão de recursos hídricos do litoral da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Centro, definiu a iniciativa como uma "ação pedagógica", promovida atendendo ao histórico de registos de ocupação plena ali observado.
"Aqui o objetivo principal é garantir o cumprimento do diploma legal e garantir as distâncias [entre banhistas]", frisou o mesmo responsável.
De acordo com dados da APA, a praia do Forte, que possui uma lotação de 600 pessoas, registou até ao momento 29 dias de ocupação plena, com registos acima das 400 pessoas e bandeira vermelha de acesso hasteada.
A praia tem cerca de 70 metros de comprimento por 60 de largura, uma área que não chega a meio hectare.
Apesar do limite máximo do areal definido pela APA serem as 600 pessoas, Nelson Silva admitiu como provável que a lotação real máxima da praia do Forte seja menor do que aquele valor.
"Provavelmente foi aferido com base na área do plano de praia, que entraria mais para o plano de água e terá havido alguma redução da área da praia. Estamos num sistema dinâmico, as coisas evoluem", argumentou.
Na área sob responsabilidade da ARH Centro, entre Ovar, distrito de Aveiro, e Marinha Grande, no distrito de Leiria, que comporta 40 águas balneares costeiras, a autoridade de Ambiente garante que, de uma forma geral, o distanciamento entre banhistas foi cumprido.
Visão idêntica sobre o comportamento dos banhistas tem o capitão do porto da Figueira da Foz, João Lourenço, que, em quase dois meses de época balnear no município litoral do distrito de Coimbra, assegura que "no geral as pessoas acabaram por compreender a situação excecional" atual, face à pandemia de covid-19.
"Obviamente, continua a haver pontos de preocupação, nomeadamente esta praia [do Forte] que pelas suas dimensões rapidamente atinge o vermelho e o Cabedelo [na margem esquerda do Mondego] que é uma praia muito apetecível", disse.
"Tanto a Polícia Marítima como o pessoal da vigilância apeada têm feito rondas, têm incentivado ao distanciamento social e, de uma forma geral, o que se nota é que as pessoas acabam por acatar e dispersam-se", afirmou João Lourenço.
Já a vice-presidente da autarquia da Figueira da Foz, Ana Carvalho, notou que a praia do Forte "foi sempre muito procurada, especialmente por famílias com crianças", ainda mais desde que a autarquia decidiu investir naquele areal, a partir de 2016.
"Fizemos um esforço grande para melhorar a qualidade da água, fazemos análises correntes e conseguimos que fosse considerada zona balnear. Desde aí passou a ser mais procurada, até porque esta zona está arranjada e é muito acessível, o que é muito importante", sublinhou.
Embora seja um dos areais mais procurados na Figueira da Foz, até pela sua localização - fica junto à Avenida de Espanha, permitindo aos banhistas aceder facilmente a partir do centro da cidade a uma zona balnear, já que as adjacentes praias do Molhe Norte e Relógio estão localizadas no maior areal urbano da Europa e implicam vencer quase um quilómetro até chegar ao mar - a praia do Forte apresentou sempre alguns problemas relacionados com a qualidade da água.
Possui, pelo segundo ano consecutivo, água de qualidade aceitável (a pior classificação de entre as 357 águas balneares costeiras identificadas pela APA), depois de anteriormente, também em dois anos consecutivos, ter sido classificada como de má qualidade, o que levou a pelo menos duas intervenções da autarquia.
A praia do Forte fica dentro da barra do rio, na zona conhecida como anteporto e foi buscar o nome ao Forte de Santa Catarina, localizado na envolvente e alvo de uma obra de requalificação concluída em 2017, embora o areal exista há décadas, sendo conhecido popularmente por um nome depreciativo.
A página da internet do município da Figueira da Foz define-a como "estuarina" (por se situar no estuário do Mondego), argumentando que a "sua reduzida dimensão" faz com que seja "bastante acolhedora e familiar", sendo "ideal para o visitante que procura uma zona balnear recatada, ausente da agitação do centro urbano".
No continente, a APA identifica 357 águas balneares costeiras em cinco regiões hidrográficas, a esmagadora maioria (347, cerca de 97%) com qualidade excelente.
Há ainda sete com boa qualidade (duas em Cascais, outras duas em Lagos e uma em Peniche, Lagoa e Figueira da Foz), uma aceitável (a praia do Forte, neste município do litoral do distrito de Coimbra) e outras duas, em Sesimbra e Ílhavo, sem classificação atribuída.