Ministro garante que 74 militares portugueses no Mali "estão todos bem"

O ministro da Defesa Nacional assegurou hoje que os 74 militares portugueses deslocados no Mali "estão todos bem", apesar da crise naquele país africano, onde um golpe de Estado conduziu à detenção do Presidente e do primeiro-ministro.

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Lusa
19/08/2020 11:11 ‧ 19/08/2020 por Lusa

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Mali

"A nossa posição é a de que as transferências de poder devem sempre ser feitas dentro da legalidade constitucional. A fragilidade das instituições é o problema central nessa região de África e, com um golpe militar, ficamos com instituições ainda mais fragilizadas e com uma situação mais precária", afirmou João Gomes Cravinho, em declarações à rádio Antena1.

Segundo o responsável pela Defesa, no norte do Mali e numa região bastante vasta do Sahel (Gâmbia, Senegal, sul da Mauritânia, norte do Burquina-Faso, sul da Argélia, Níger, norte da Nigéria e dos Camarões, centro do Chade, centro/sul do Sudão e Eritreia) existem movimentos terroristas com alguma capacidade militar e o papel das missões internacionais é combatê-los, consolidando as instituições locais, "trabalho que fica fragilizado com estas movimentações".

Hoje mesmo, em Nova Iorque, está marcada uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para debater o assunto.

Do contingente total, Portugal tem empenhados cinco elementos na missão europeia (quatro no quartel-general de Bamaco e um no campo de treino de Koulikoro) e 69 na missão das Nações Unidas (65 no destacamento aéreo, com um avião de transporte C-295 e quatro no quartel-general).

A Força Nacional Destacada (FND) no Mali desde 01 de julho, no âmbito da MINUSMA (Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para Estabilização do Mali), tem como objetivo assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas, vigilância aérea e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamaco.

O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e o seu primeiro-ministro, Boubou Cissé, foram detidos por militares terça-feira ao final da tarde, durante a revolta. Os amotinados assumiram o controlo de um campo militar e das ruas adjacentes, dirigindo-se então para o centro da capital maliana.

Um dos catalisadores da atual crise política no Mali foi a invalidação, no final de abril, de 30 resultados das eleições legislativas pelo Tribunal Constitucional, incluindo cerca de uma dezena em favor da maioria parlamentar.

A decisão, aliada a fatores como o clima de instabilidade e insegurança sentido nos últimos anos no centro e norte do país, a estagnação económica e a prolongada corrupção instigaram várias manifestações.

O secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, fez saber, através do seu porta-voz, que está a acompanhar com "profunda preocupação" a situação, condenando o motim militar.

Guterres "condena veementemente" estas ações, apelando para a "restauração imediata da ordem constitucional" e do "Estado de direito no Mali" e a "libertação imediata" de Keita e dos membros do Governo.

 

 

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