Após a divulgação dos mais recentes dados da incidência da Covid-19 em Portugal, começou a conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde. Esta contou hoje com a presença da Ministra da Saúde, Marta Temido, e a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.
A ministra começou por apontar que há a lamentar dois óbitos nestas últimas 24 horas, "um de uma criança de 4 meses, uma situação que foi qualificada como óbito por Covid, mas na qual a situação de patologia da criança tinha outras patologias associadas", sendo que o óbito ocorreu no Centro Hospitalar de Lisboa Central - Hospital D. Estefânia. O outro falecimento foi de um homem de 80 anos no Centro Hospitalar do Barreiro/Montijo.
Nos casos ativos, "alguns estão associados a surtos", disse ainda Marta Temido, existindo atualmente "152 surtos" no país. Estes distribuem-se do seguinte modo: 44 na Região Norte, seis no Centro, 74 em Lisboa e Vale do Tejo, 15 no Alentejo e 13 no Algarve.
A taxa de incidência para os últimos sete dias situa-se nos "14,4 novos casos por 100 mil habitantes" e a taxa de incidência nos últimos 14 dias nos "27,7 novos casos por 100 mil habitantes", destacou a governante. Sobre o índice de transmissibilidade efetivo (RT), Marta Temido partilhou que se "situa no 1,01", correspondente aos dias 10 a 14 de agosto.
"A mensagem desta conferência é a da manutenção do esforço de contenção da doença e de combate à doença no contexto daquilo que é a preparação da fase do outono/inverno e no contexto daquilo que sabemos ser o efeito internacional de números que, por força daquilo que é uma maior movimentação das pessoas, também se tendem a agravar", concluiu.
"Evolução positiva" mas há 69 estruturas residenciais com casos
Neste momento, "temos uma evolução positiva daquilo que são os casos detetados de Covid-19, no universo das estruturas residenciais para idosos - temos dado várias vezes nota desta evolução -, temos 69 estruturas desta tipologia onde há pessoas que são casos positivos", sublinhando que, no total, "há 563 residentes destas estruturas que são casos positivos" e "225 profissionais" infetados.
Apesar destes dados "não fazerem abrandar a preocupação", a ministra da Saúde recordou que "já chegámos a ter 365 entidades onde havia casos positivos, 2.500 utentes infetados e mais de 1.000 funcionários infetados".
Temido disse ainda que na semana passada teve a "satisfação" de dizer que não havia nenhum doente infetado em estruturas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, e, "neste momento, temos um caso de um doente, de uma situação que veio a acontecer mais recentemente, numa unidade de longa duração em Lisboa".
Lar em Reguengos? Responsabilidades "apuradas em sede própria"
"As responsabilidades que possam vir a ser apuradas relativamente a esta situação sê-lo-ão em sede própria", frisou a ministra sobre o surto do lar em Reguengos de Monsaraz que provocou a morte a 18 pessoas, acrescentando que "o ministério da Saúde, com os documentos que recebeu, acionou a sua estrutura inspetiva, pedindo a avaliação das responsabilidades dos intervenientes na área da Saúde, porque é essa a nossa tutela".
"Interessa-nos perceber", continuou, "face a tudo aquilo que têm sido os documentos que nos têm enviado a este propósito o que é que é que são aspetos que mereçam, da nossa parte, uma responsabilidade específica, designadamente em melhoria de procedimentos, mas também de responsabilidades eventualmente disciplinares".
Há, da parte do ministério, a "clara assunção de que há coisas para melhorar, há trabalho para fazer, há responsabilidades às quais nunca nos furtaremos e esse é o nosso trabalho".
Reforço de Stocks? "Preparar um eventual recrudescimento da Covid-19"
Quanto ao reforço de stocks, a ministra da Saúde revelou que "o despacho já estava a ser preparado" e este tem como objetivo "preparar um eventual recrudescimento da Covid-19".
“Estamos numa das medidas parcelares relacionada com a preparação da época do outono/inverno. Uma medida que, de alguma forma, é simétrica relativamente à que tomamos no início do período pandémico, de março de 2020”, esclareceu Marta Temido na conferência.
De recordar que o Governo avançou com o reforço dos 'stocks' de medicamentos e diversos equipamentos médicos, bem como da reserva estratégica nacional, devido à imprevisibilidade da pandemia de Covid-19, segundo um despacho publicado hoje em Diário da República.
Festa do Avante! "DGS elencou uma série de parametros que precisa de conhecer"
Relativamente aos trabalhos de preparação da Festa do Avante! Graça Freitas destacou que estes são "de rigor" e de "minúcia", que implicam "da parte das estruturas envolvidas uma ampla conversação". "A DGS elencou uma série de parametros que precisa de conhecer para poder pronunciar-se à semelhança do que já fez no passado", advogou a Diretora-Geral da Saúde.
"Estamos na fase de pedir aos interlocutores pelo lado da organização da Festa do Avante! documentos técnicos que nos permitam apreciar com rigor e de uma forma objetiva como, de facto, está previsto que o evento decorra".
Máscaras em espaços públicos. "Estamos completamente abertos a essa discussão"
Marta Temido sublinhou que as recomendações têm sido sempre "evolutivas e adaptativas", com base nas recomendações internacionais. "Se a evidência e as condições o aconselharem, nós recolheremos a melhor informação técnica para podermos tomar decisões", disse a ministra.
Por fim, Graça Freitas destacou que "esta é uma matéria em "contínua avaliação" e "estamos completamente abertos a essa discussão".
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[Última atualização às 15h03]
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