O líder do PSD admitiu, esta quinta-feira, que "como português" espera que não haja uma crise política, numa altura em que o mundo luta contra uma pandemia que já matou milhares de pessoas, e espera que os partidos de esquerda cheguem a um consenso no que diz respeito ao Orçamento de Estado 2021 (OE2021).
"Como português, é bom que não haja uma crise e que eles sejam capazes de resolver o Orçamento de Estado 2021", defendeu.
À margem de uma visita ao Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Aveiro e aos Bombeiros Voluntários de Castelo de Paiva, Rui Rio sublinhou ainda que o OE2021 vai ser "construído" pelos partidos de Esquerda, mas que o PSD vai estar "atento" à 'empreitada'.
"O Orçamento de Estado vai ser construído pelo PS, PCP e Bloco de Esquerda, portanto, nessas circunstâncias, o PSD é um espetador atento e, depois, quando o Orçamento de Estado entrar na Assembleia da Republica, logo faremos as nossas considerações em função do documento", explicou.
Quando ao facto de Portugal voltar ao Estado de Contigência, a partir do dia 15 de setembro, Rui Rio deixa claro que concorda com decisão.
"Os dados que temos é de que houve algum agravamento, por isso, é prudente que o país tome medidas no sentido de conter a pandemia", salientou, acrescentando que, "temos de ter consciência que o objetivo é que a pandemia se propague lentamente de forma a que SNS seja capaz de se sustentar e de resolver as questões".
"Infelizmente só vamos ter o problema resolvido quando ou estiverem 70% da população infetada, o que é desejável que assim não seja, ou havendo uma vacina Até lá temos de fazer essa contenção de danos, sendo que temos de o fazer agora de uma forma diferente da que fizemos em março, porque a economia não pode parar da mesma maneira porque manifestamente não é possível", frisou.
Sobre o novo ano letivo, Rui Rio admitiu estar preocupado porque, apesar do notório agravamento da pandemia, "as crianças têm de ter aulas e os jovens têm de estudar".
"Aquilo que naturalmente neste momento me preocupa é a forma como é que o Governo vai resolver o problema do reinício das aulas, que é efetivamente complicado", observou.
O líder do PSD admite que "não se conseguirá uma solução ideal, nem ótima, mas é preciso ter a melhor solução possível face às circunstâncias".
Rui Rio considerou ainda "declaração de bom senso" o apelo do Presidente da República ao diálogo e a observação de que é necessário não somar à crise da Saúde e à crise económica uma crise política.
"Acho que é uma declaração de bom senso e espero que não haja crises políticas, como presidente do PSD, mas direi que a coisa não é muito comigo, porque o Orçamento do Estado vai ser construído pelo PS, pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, e o PSD, nessas circunstâncias, é um espetador atento", afirmou Rui Rio.
O Presidente da República pediu hoje diálogo para a viabilização do Orçamento do Estado para 2021, que considerou um instrumento fundamental para a aplicação dos fundos europeus, e avisou que não vai alinhar em crises políticas.
Em declarações aos jornalistas, no início de uma visita à Feira do Livro de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "o Presidente da República não vai alinhar em crises políticas, portanto, desenganem-se os que pensam que, se não houver um esforço de entendimento, vai haver dissolução do parlamento no curto espaço de tempo que o Presidente tem para isso, que é até ao dia 8 de setembro".
O primeiro-ministro vai reunir-se na sexta-feira, em São Bento, com Bloco de Esquerda, PAN e PEV para procurar um acordo político de legislatura, incluindo desde logo a aprovação do Orçamento do Estado para 2021.
Fonte do executivo adiantou à agência Lusa que o PCP solicitou "um reagendamento da reunião" com o primeiro-ministro, António Costa, e que os contactos com os comunistas "vão prosseguir ao nível técnico".
Na sexta-feira, no período da manhã, António Costa vai receber primeiro o Bloco de Esquerda e depois o PAN. Na parte da tarde, o líder do executivo irá reunir-se com o PEV.
No final destas reuniões, não estão previstas nem recolha de imagens, nem declarações, tal como já aconteceu em anteriores reuniões de António Costa com os líderes do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e do PCP, Jerónimo de Sousa, em São Bento.
[Notícia atualizada às 21h52]