Covid: Inscritos 700 potenciais dadores de plasma sanguíneo convalescente

Cerca de 700 potenciais dadores estavam inscritos, no final de agosto, no programa nacional de transfusão de plasma sanguíneo convalescente, para tratar doentes com Covid-19, indicou hoje o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST).

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Lusa
15/09/2020 16:51 ‧ 15/09/2020 por Lusa

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Coronavírus

Numa resposta à Lusa sobre o ponto de situação dos ensaios clínicos com plasma de doentes covid-19 recuperados, o IPST referiu, citando dados à data de 28 de agosto, que "o número de potenciais dadores inscritos era de 692".

O registo de dadores é feito voluntariamente pelos interessados através da página na internet do IPST.

Segundo o instituto, 478 dos 692 inscritos "já tinham sido contactados" por um médico, para efeitos de seleção, sendo que 201 forneceram amostras que foram enviadas para o Instituto de Medicina Molecular (IMM) João Lobo Antunes da Universidade de Lisboa, para serem determinados os níveis de anticorpos neutralizadores do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença respiratória covid-19.

Um estudo coordenado pelo IMM, que vai ser apresentado na sexta-feira a peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas ainda não revisto por pares, confirmou que anticorpos contra o SARS-CoV-2 permanecem no corpo até cinco meses após a infeção.

Em maio, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação anunciou o arranque da recolha de plasma sanguíneo de doentes recuperados para ensaios clínicos. Uma vez que o uso de plasma convalescente é uma terapêutica experimental para a covid-19, a sua eficácia e segurança têm de ser testadas.

O grupo de trabalho para desenvolver a proposta do Programa Nacional de Transfusão de Plasma Convalescente Covid-19 foi constituído em maio, tendo o relatório com a sugestão de medidas - quanto ao "recrutamento de dadores, análise e quantificação de anticorpos neutralizantes virais, ensaio clínico multicêntrico para doentes graves, abordagem posterior para doentes moderados e protocolo para uso compassivo" - sido apresentando à tutela em 17 de junho.

Na resposta à Lusa, o IPST adiantou que, em 21 de julho, foi criado um grupo de peritos que "acompanha tecnicamente a organização e o desenvolvimento do processo de investigação clínica, a realizar nos termos da lei de investigação clínica".

"Este grupo de trabalho já iniciou a sua atividade, estando em curso, neste momento, a instrução e desenvolvimento de todo o processo para submissão a Comissão de Ética competente", assinala o instituto, sem estimar uma data para o início de ensaios clínicos com plasma sanguíneo convalescente.

O tratamento com plasma sanguíneo de doentes recuperados, recomendado pela OMS, tem sido aplicado em vários países a outros pacientes, em situações muito específicas e graves, em que as defesas do corpo (sistema imunitário) estão muito debilitadas, mas não é isento de riscos, como a intolerância, segundo especialistas.

"De acordo com a evidência (prova) científica existente até ao momento, esta terapêutica experimental parece ser segura e apresentar sinais de eficácia. Embora promissora, as evidências (provas) acerca da eficácia da terapêutica são ainda limitadas, sendo necessário continuar a reunir informação através de estudos bem fundamentados", adverte o IPST.

Em agosto, a empresa biotecnológica polaca Biomed anunciou o lançamento da primeira fase de produção de um medicamento experimental contra a covid-19 à base de plasma sanguíneo de mineiros que recuperaram da doença respiratória.

O plasma é um dos componentes do sangue e contém anticorpos, glicoproteínas produzidas por células do sistema imunitário em resposta a um antigénio, como uma bactéria ou um vírus como o SARS-CoV-2, com o qual reage, causando o seu enfraquecimento ou destruição.

A transfusão de anticorpos contra o SARS-CoV-2 de pessoas que recuperaram da infeção parece induzir um efeito antiviral em doentes com covid-19, complementando a sua resposta imunitária.

A pandemia da covid-19 já provocou pelo menos 929.391 mortos e mais de 29,3 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.875 pessoas dos 65.021 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A covid-19 é provocada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China, tendo-se disseminado rapidamente pelo mundo.

Em 11 de março foi declarada pela OMS como uma pandemia.

 

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