Em declarações aos jornalistas depois da reunião do Conselho Europeu, António Costa disse que sublinhou a necessidade de definir regras comuns na União Europeia, "que evitem as soluções casuísticas que se têm vindo a multiplicar nos diferentes Estados".
Além disso, o primeiro-ministro destacou na reunião "a importância do trabalho do Centro Europeu para o Controlo das Doenças", uma agência europeia com "informação fiável e credível" e que "deve ser um bom guia de orientação para as políticas e medidas que os países vão adotando".
De acordo com o chefe do Executivo português, houve também a oportunidade de "fazer um debate aprofundado" sobre "a urgência de restabelecer em toda a plenitude o mercado interno, pondo fim às medidas de derrogação que têm existido na livre circulação de mercadorias (...) e as barreiras que ainda existem quanto à dimensão do mercado interno dos serviços".
Essa discussão, acrescentou Costa, "chamou ainda a atenção para a importância de o mercado interno, na recuperação económica, aproveitar todas as potencialidades da transição digital", uma das "prioridades da nossa presidência, associado ao desenvolvimento do pilar social da União Europeia".
O primeiro-ministro revelou também que foi dada uma informação sobre o ponto de situação das negociações sobre o Brexit e sobre o debate que está a decorrer junto do Parlamento Europeu sobre a aprovação final do programa da nova geração, designadamente o plano de recuperação e quadro financeiro plurianual.
Costa 'aposta fichas' no diálogo de Merkel
Questionado pelos jornalistas sobre se sai de Bruxelas confiante que não vai haver atrasos na chegada dos fundos e que o calendário vai ser cumprido, Costa lembrou as palavras de Sassoli na abertura do Conselho.
"Foi bastante claro na vontade do Parlamento Europeu de dar uma aprovação rápida, teve também a franqueza de sinalizar as alterações que gostaria que existissem, designadamente o reforço no financiamento de alguns programas estratégicos para o futuro e que foram reduzidos no compromisso que foi possível obter no Conselho", sublinhou o primeiro-ministro, referindo que a presidência alemã "está num diálogo muito intenso com o Parlamento, procurando que haja um acordo entre a posição do Parlamento e a posição maioritária do Conselho".
A António Costa, pareceu-lhe "otimista" a chanceler alemã. "Fiquei com confiança que o presidente Sassoli transmitiu aquilo que é a vontade do Parlamento Europeu, que é superar as divergências" e "convergir um acordo que permite a aprovação rápida desta pacote de forma a podermos não desperdiçar tempo e termos os instrumentos necessários para enfrentar esta crise".
Questionado sobre a possível tentativa de atrasar o processo, António Costa não quis fazer leituras de processos de intenção. "Tivemos a oportunidade de ouvir os argumentos da Holanda , do presidente do Parlamento Europeu e tivemos também a oportunidade de falar com os quatro países do grupo de Visegrado, e a presidência alemã está também ciente dessas dificuldades", disse, acrescentando esperar que, no diálogo que Merkel vai mantendo com o Parlamento Europeu e com a Holanda e com os países de Visegrado "se possa encontrar uma solução que não bloqueie este acordo".
O chefe do Executivo português afirmou ainda que numa União a 27 não há um país que decide por si só que a força da união tem um valor acrescentado: "Não são 27 vozes a falar cada um por si, são 27 vozes a falar para dizermos a mesma coisa. Isso dá mais trabalho, leva mais tempo", realçou, referindo-se às sanções a aplicar à Bielorrússia decididas ontem.