"Tendo em especialmente conta o período conturbado em que vivemos, não poderíamos deixar de assinalar a data, mas, mais importante que isso, inspirar os cidadãos para protegerem o que resta dos ecossistemas e da vida selvagem", escreve Sandra Duarte Cardoso.
Numa mensagem a propósito do Dia Mundial dos Animais, que se assinala este domingo, 04 de outubro, a par do Dia do Médico Veterinário, a presidente da organização não-governamental (ONG) SOS Animal Portugal lança a campanha "SOS Animal -- Ser por todos os seres, com o objetivo de alertar a sociedade para a grave crise ambiental" que o mundo atravessa.
"A covid-19 contaminou não só milhões de pessoas, como todo o espaço mediático, deixando assim para trás outros temas que não são de menor importância, nomeadamente a crueldade que continua a ser exercida sobre os animais e a destruição massiva do seu habitat", considera.
A também médica veterinária escreve ainda que a pandemia de covid-19 que o mundo atravessa e que "assusta a todos, resultou do abuso continuado e cruel do mundo selvagem e da destruição dos ecossistemas, por lucro e ganância".
"O medo da doença e da morte, fez travar a fundo o mundo inteiro, um abrandamento que sempre foi assumido por todos os governos como impossível. Há décadas que é solicitado junto dos líderes mundiais, formas de reduzir e reestruturar economias, de forma a resguardar o planeta e construir economias mais sustentáveis", lembra.
E acrescenta que tal acontece "depois de dezenas de cimeiras mundiais e apelos de todo o tipo de organizações do mundo inteiro, os governos nunca ponderaram abrandar de forma a mitigar a destruição do planeta".
"É consensual entre a comunidade científica que já entrámos na sexta extinção em massa e a um ritmo mais acelerado (...) e os cientistas, e quem trabalha no terreno há décadas, alertam incessantemente para os problemas ambientais e do mundo animal, e indicam as origens destes, suplicando a união da humanidade para criar e implementar soluções", destaca.
Sandra Duarte Cardoso refere que "a atividade humana, o exponencial aumento populacional, a invasão e a destruição de ecossistemas, o consumo desmedido, o negacionismo da ciência e a ignorância e inoperância dos Estados e dos seus líderes, estão a ameaçar a sobrevivências de mais de 500 espécies, e todos os dias são extinguidas várias formas de vida terrestres e marinhas".
Assim, considera que "a pandemia ameaça efetivamente as economias, mas a catástrofe ecológica e a crise humanitária que advêm da destruição dos recursos naturais, é tão grave que tudo o que se fizer ou não fizer nos próximos 10 a 50 anos é o que definira o futuro da humanidade ou a sua própria existência".
"Enquanto ativista, cientista, médica veterinária e principalmente enquanto cidadã, mãe e humana... rogo-vos, repensem os vossos atos. Adaptando palavras que não são minhas - antes de perguntares o que o planeta faz por ti, pergunta primeiro o que estás tu a fazer pelo planeta. A terra será a única casa que cada um de nos terá", desafia.