A bastonária da Ordem dos Enfermeiros começou por explicar, à saída do Palácio de Belém, que disse ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que "não faz sentido não haver uma estratégia" e que o "Plano outono-inverno é, efetivamente, muito bom no papel", mas que, neste momento, "falta a operacionalização".
"Tivemos oito meses para preparar todas estas medidas. Tudo aquilo que está a acontecer agora no dia a dia, nomeadamente os centros de saúde estarem sem vacinas quando começou a época de vacinação contra a gripe (...), não basta o Governo dizer que há vacinas para todos e, depois, todos ontem vimos que as vacinas que chegaram aos centros de saúde não chegam, já foram gastas e não há previsão de entrega", exemplificou Ana Rita Cavaco.
A bastonária referiu ainda que há "uma ausência de estratégia para os enfermeiros que estão cansados, desmotivados, um bocadinho fartos de promessas vãs", porque, acrescentou, "olhamos para o Orçamento do Estado e não vemos lá nenhum acréscimo ou nenhum dinheiro para atribuir a estes profissionais", de risco e de "desgaste rápido".
Ana Rita Cavaco questionou também o que é 'a linha da frente'. "Isto da linha da frente é quem nunca trabalhou nos serviços de saúde, porque não há linha da frente nem de trás nem do meio. Somos todos os que estamos a aguentar os serviços, os Covid e os não Covid", esclareceu.
Para a responsável, "há uma série questões a corrigir relativamente aos enfermeiros", dando como exemplo a idade da reforma e o facto de estes profissionais nunca terem tido "atribuição de pontos", ou seja, "nunca tiveram descongelamento de carreiras".
Marcelo Rebelo de Sousa, disse a bastonária, "ouviu" os enfermeiros e "disse que era muito importante revisitar todas estas questões que sabe que já não é a primeira vez que são aqui faladas". O Presidente da República "falou ainda do importante papel da especialização em enfermagem".
"O país tem tratado mal os enfermeiros. É uma classe que, na sua maioria, ganha cerca de 900 e poucos euros líquidos por mês que, relativamente aos lares, onde devíamos estar em grande número, que foi outra temática que abordámos, não existem quase enfermeiros", concluiu Ana Rita Cavaco.
Recorde-se que a ministra da Saúde foi a recebida, esta segunda-feira, em Belém, pelo Presidente da República, na sequência de uma série de reuniões em que o chefe de Estado pretende ouvir diferentes opiniões para avaliar a resposta à Covid-19, e revelou que foram abordados assuntos de "natureza de avaliação da situação do país" e de outros países e de "informação mais de pormenor sobre a situação epidemiológica".
Já o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, à saída do Palácio de Belém, onde foi recebido, esta terça-feira, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu que, neste momento, o Ministério da Saúde tem de alocar todos os recursos técnicos e humanos que tem no país ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para "evitar que doentes fiquem para trás".
[Última atualização às 16h56]