Liga Contra a SIDA faz 30 anos e lança campanha para "derrubar o estigma"

A Liga Portuguesa Contra a SIDA (LPCS) assinala hoje 30 anos de existência com uma nova campanha para combater a discriminação que ainda persiste sobre as pessoas com VIH e SIDA, segundo a presidente da instituição, Maria Eugénia Saraiva.

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Lusa
24/10/2020 07:00 ‧ 24/10/2020 por Lusa

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SIDA

 

Sob o lema 'Na SIDA existe vida', a mensagem - que se alia também ao lançamento de uma nova imagem institucional - renova a "missão de sempre" da LPCS, com a ambição assumida de "questionar e desconstruir a ligação entre a SIDA e a morte e passar o conceito de que na SIDA existe vida", onde o que mais importa são as pessoas e não os números.

"O estigma social existe", afirma Maria Eugénia Saraiva, para quem "o vírus social continua a sobrepor-se", tornando ainda hoje a discriminação "um obstáculo" para todos os que são afetados pela doença. "Por isso, queremos falar da discriminação que ainda hoje se sente com o objetivo de derrubar o preconceito e provar que há vida para lá da infeção", frisa, notando: "Trata-se de uma campanha direcionada para derrubar a discriminação e o estigma".

Em entrevista à Lusa, a líder da LPCS realça as três décadas de trabalho como "um marco" que une profissionais, voluntários e utentes, além de confirmar o papel complementar da organização junto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a sua dupla vertente de "ativo e ativista, de forma a fazer valer os direitos e os deveres" da população seropositiva.

"Foram muitas as pessoas que passaram pelos nossos serviços. Não são contabilizadas em 30 anos, porque os serviços foram crescendo e não se consegue contabilizar o número de pessoas e famílias que conseguimos abranger. Sabemos hoje que os nossos centros de atendimento e apoio integrado, em Lisboa, Loures e Odivelas, abrangem mais de 350 famílias por ano. São números importantes, mas, mais do que os números, importamo-nos com as pessoas", salienta.

À frente da instituição particular de solidariedade social desde 2006, embora tenha estado presente desde a primeira hora enquanto voluntária e agora acumule também com as funções de gestora de projeto, Maria Eugénia Saraiva vê neste momento a oportunidade de lançar as bases da "LPCS do futuro", apesar da simultaneidade com a pandemia de covid-19.

"Queremos aproximarmo-nos de um público que, felizmente, não viveu o que nós vivemos, uma geração futura que nem sempre tem conhecimento do VIH e da SIDA", evidencia a presidente da organização sem fins lucrativos, enfatizando: "Não podemos deixar cair da agenda pública o VIH. Embora hoje estejamos a viver uma pandemia de covid-19, na realidade, não podemos esquecer que existem outras infeções e outras doenças", sustenta.

De acordo com Maria Eugénia Saraiva, os tratamentos para o VIH-SIDA evoluíram muito e já permitem "uma vida igual a qualquer pessoa que não seja infetada" pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), com natural impacto "crescente" na qualidade de vida dos doentes. Do mesmo modo, defende que "com os cuidados adequados" e a medicação mais avançada (como a PrEP e a PPE) é possível reduzir significativamente o risco de contágio.

Com um agradecimento a todos os "voluntários, colaboradores, profissionais de saúde e utentes que viveram e fizeram viver" a LPCS, a presidente da instituição parte da evolução da doença em Portugal nos últimos 30 anos para concluir que a "prevenção - que é ainda hoje o mote - é também um tratamento" com sucesso.

 

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