Portugal ultrapassou, na semana passada, a barreira dos três mil casos diários de infeção pelo novo coronavírus, tendo no sábado registado um novo máximo ao somar 3.669 infetados.
A tendência de agravamento da pandemia, que acontece em toda a Europa, levou o Governo a decidir proibir, a nível geral, a circulação entre concelhos durante cinco dias (de 30 de outubro a 3 de novembro), e a nível local, impor o dever de permanência em casa em Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, concelhos que registam maior incidência de infeções.
Paralelamente, vários países apertam ainda mais as restrições ao impor o recolher obrigatório devido à evolução da pandemia, como é o caso de França e Bélgica, além de Itália, Grécia, Chipre, Irlanda e Eslovénia. Espanha, por exemplo, decretou o Estado de Emergência por seis meses, que permitirá a instauração do recolher obrigatório em todo o país para travar o aumento de casos do novo coronavírus. Irá Portugal seguir o mesmo caminho?
Este domingo, no espaço de comentário habitual na SIC, Marques Mendes disse que o "recolher obrigatório irá chegar cá" e que o Estado de Emergência vai ser decretado em breve. O comentador defendeu ainda que o primeiro-ministro e o Presidente da República devem fazer uma comunicação ao país.
Também o presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas defendeu o recolher obrigatório como "algo que sem de começar a pensar muito seriamente". Em entrevista à SIC, Fausto Pinto disse que as medidas impostas pelo Governo "vão ao encontro de procurar diminuir as cadeias de transmissão" e servem para não haver "medidas ainda mais restritivas, como um confinamento mais pesado".
A verdade é que a hipótese não tem sido afastada pelo primeiro-ministro que, questionado pelos jornalistas este fim de semana, afirmou que não podemos "excluir qualquer tipo de medida", considerando, no entanto, prematuro avançar para o Estado de Emergência.
"Acho que é prematuro [o Estado de Emergência]. O estado de Calamidade é o adequado. Temos de ter consciência que isto não é uma corrida de curto prazo, é uma maratona", afirmou o primeiro-ministro.
António Costa recordou o estado de Calamidade "permite a adoção de medidas diferenciadas no território", frisando que o Governo está "concentrado nas medidas já anunciadas". Sobre o recolher obrigatório, o chefe do Executivo disse: "Não podemos excluir a necessidade de adotar qualquer tipo medida, mas temos de gerir o nosso esforço". "Temos de ir distribuindo e guardando as medidas para as utilizarmos nos momentos necessários".