"<span class="news_bold">Ninguém percebe que as pessoas não possam ir aos cemitérios ver os seus entes queridos de máscara, com algumas cautelas e que possa existir um evento de Fórmula 1, importantíssimo para o país, o evento desportivo mais visto a nível mundial, e que nós tenhamos lá tantas pessoas, 27 mil e tal pessoas mais 10 ou 12 mil da organização", afirmou Miguel Guimarães num debate organizado em Lisboa pelo International Club de Portugal.
O bastonário defendeu que o Grande Prémio de Fórmula 1, que decorreu no fim de semana passado em Portimão, "devia ter sido fiscalizado de uma forma completamente diferente".
"Se a Direção Geral da Saúde definiu que ia haver espetadores, tinha que ter arranjado uma forma de aquilo ser fiscalizado, não pela organização, que é evidente que não ia ter capacidade de o fazer, mas ser o próprio Estado a garantir que as pessoas estavam separadas", defendeu.
Miguel Guimarães referiu que "a imagem das pessoas em cima umas das outras e sem máscara passou em todo o mundo, o que é mau para Portugal".
Considerou que a proibição de idas aos cemitérios "na prática, acabou por ser um erro". "Qual é o problema de ir à campa, sozinho, com um filho, marido, o que for, visitar um ente querido, por lá umas flores, de máscara, e vir embora?", questionou.
"As regras têm que ser definidas. O discurso de coerência é muito importante, caso contrário, os portugueses não acreditam e revoltam-se", salientou.
Miguel Guimarães afirmou que não é na ida aos cemitérios que reside o risco de ser contagiado mas "nas circunstâncias de as famílias se encontrarem, irem jantar ou almoçar fora ou em casa uns dos outros", que é quando as pessoas estão "mais desprotegidas".
Outras situações em que o risco é maior são "festas, casamentos e batizados, reuniões de amigos ou nos bares onde as pessoas se encontram e nos restaurantes, que começaram por ter todos os cuidados, mas onde isso já não acontece".
"É fundamental que a Direção Geral da Saúde esteja atenta e imponha algumas medidas durante algum período. Um confinamento global não faz sentido, era destruir a economia. É preciso identificar os sítios e as atitudes pelas quais o vírus se propaga mais", indicou.