Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde e especialista em Saúde Pública, constata que, ao contrário da primeira fase, "assistimos, neste período, a momentos de dessintonia entre as autoridades, a comunidade académica e os cidadãos".
Esta posição foi transmitida pelo antecessor de Marta Temido numa publicação no Facebook, na qual refere que "a permanente mudança de planos favorece a dúvida e mesmo a contestação".
Na sua ótica, "os elos de confiança dão sinais de fraqueza". "Por vezes", analisa Adalberto Campos Fernandes, "parece que a gestão política, na ânsia de resolver os problemas, surge pouco apoiada na racionalidade científica".
O antigo ministro chama a atenção para o facto de algumas medidas não encontrarem "respaldo na evidência disponível" e defende que "Portugal deveria olhar para a experiência acumulada nos países europeus que nos antecedem nas diferentes fases de evolução da pandemia".
"Esse olhar deveria ter em conta a efectividade das medidas para não repetirmos exercícios condenados ao insucesso", acrescenta, realçando que, nesta fase de maiores dificuldades, "será muito importante o contributo competente das Forças Armadas, não apenas no apoio operacional, mas também no planeamento, organização e gestão dos recursos".
Portugal somou mais 82 mortes relacionadas com a Covid-19 (o maior número de sempre) e mais 4.935 infetados com o novo coronavírus, indica o boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde divulgado esta quarta-feira. Este é o dia com o maior número de vítimas mortais desde o início da pandemia, superando largamente as 62 mortes registadas na segunda-feira, dia 9.
No total, o país regista, desde o início da pandemia, 192.172 casos positivos de Covid-19 e 3.103 óbitos.
Portugal está, desde segunda-feira, em Estado de Emergência. 121 concelhos (que corresponde a 70% da população) estão sujeitas a medidas mais restritivas como é o caso do recolher obrigatório entre as 23 horas e as 5 horas e entre as 13 horas e as 5 horas nos próximos dois fins de semana.