"O arquiteto Ribeiro Telles pôs-nos todos a pensar. Foi um homem que deixou nas gerações seguintes preocupações ambientais, mostrando que não podem ser de segunda linha", disse João Pedro Matos Fernandes em declarações à agência Lusa.
O arquiteto paisagista, que morreu hoje aos 98 anos, "deixa no seu legado coisas como as figuras de ordenamento do território que são a Reserva Ecológica Nacional e a Reserva Agrícola Nacional, que são dos anos 80, mas se mantêm atuais como peças essenciais de ordenamento a partir dos conceitos seminais de Ribeiro Telles".
Os projetos de um arquiteto perduram no tempo, mas já não é tão habitual que instrumentos como as reservas agrícola e ecológica perdurem, referiu.
"Para os sistemas terrestres, Ribeiro Telles só tem paralelo no que [o político e oceanógrafo] Mário Ruivo fez pelos oceanos", considerou.
Matos Fernandes recordou a lição que Ribeiro Telles costumava dar aos seus alunos sobre os jardins que projetou para a sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa: "Ele dizia que os jardins não precisam de ter caminhos, deve-se pôr relva por todo lado e depois são as pessoas que acabam por trilhar caminhos no seu percurso pelo jardim".
Ribeiro Telles foi também "um homem muito importante para a causa rural", salientou Matos Fernandes.
"Lamento profundamente a sua perda", declarou.
Gonçalo Pereira Ribeiro Telles, figura pioneira da arquitetura paisagista em Portugal, morreu hoje à tarde, na sua casa, em Lisboa, aos 98 anos, disse à Lusa fonte próxima da família.
Nascido em 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles idealizou os chamados "corredores verdes" da capital e concebeu os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, em conjunto com o arquiteto António Viana Barreto.
O Governo decidiu hoje decretar um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte do arquiteto paisagista e fundador do PPM (Partido Popular Monárquico), Gonçalo Ribeiro Telles, disse à agência Lusa fonte oficial do executivo.