"Posso dizer-lhe que farei tudo para que seja o mais depressa possível, embora só no próximo ano é que temos essa possibilidade por questões de organização dos adidos sociais. Iremos deixar de ter um na Europa e passaremos a ter aqui um na África do Sul", disse Berta Nunes, que efetua uma visita ao país africano.
A secretária de Estado das Comunidades, que falava aos jornalistas na Associação Lusito, em Joanesburgo, no início de uma visita de quatro dias ao país, sublinhou que o Governo está a ajudar com um apoio extraordinário cerca de 50 portugueses em situação de carência devido à pandemia de covid-19, sendo que, em Joanesburgo, existem cerca de 24 pessoas beneficiadas.
"Sabemos que aqui na África do Sul é uma comunidade que tem alguns problemas, é uma comunidade envelhecida e que alguns têm mesmo algumas carências, e neste apoio extraordinário que organizamos agora por causa do covid-19, a África do Sul foi o país onde foram identificadas mais pessoas, cerca de 50, e a quem demos um apoio durante três meses pelo menos até ver se este impacto do covid-19 melhora", salientou.
De acordo com Berta Nunes, estes emigrantes foram identificados pela rede consular portuguesa, que efetuou o levantamento das necessidades da comunidade portuguesa, em articulação com as associações no terreno.
No âmbito do apoio a instituições de assistência social no país, Berta Nunes anunciou que o Governo realizou uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), através da qual atribuiu este ano uma verba de 60 mil euros a quatro instituições portuguesas na África do Sul, cabendo 15 mil euros a cada entidade.
"Da avaliação que foi feita, foram identificados três lares geriátricos e a Escola Lusito como aquelas que estariam com mais necessidade de apoio e que foram priorizadas para a parceria com a Misericórdia", explicou.
"Esta parceria tem vários aspetos, um deles é um apoio para fazer obras, por exemplo aqui [Lusito] será uma sala de relaxamento e sensorial [...] esse apoio vai continuar além de que também essa parceria, nós queremos com a capacitação de pessoas, troca de experiências e aquilo que também aqui as pessoas das instituições forem dizendo o que são as suas necessidades", salientou.
Berta Nunes referiu ainda que "outro apoio que já está no terreno, mas que não tem sido muito aproveitado pelas associações", tem a ver com o concurso anual para apoio ao movimento associativo, no valor global de 600 mil euros, e que "tem vindo a crescer", frisou.
"As candidaturas estão abertas, é de outubro a dezembro e os consulados têm sempre de receber essas candidaturas, dar um parecer e esses apoios são dados de acordo com o mérito", sublinhou Berta Nunes, acrescentando que "podem ser projetos na área social, do português, da cultura, do combate à exclusão social, participação cívica, em muitos outros".
"As informações estão todas no Portal das Comunidades e todos os anos nós temos apoiado dezenas de associações com mais de meio milhão de euros, é um apoio que aqui na África do Sul não tem sido muito aproveitado e que também queremos sensibilizar as associações", declarou.
Questionada sobre a atual situação de elevada criminalidade no país, Berta Nunes disse que o Governo está a acompanhar "com preocupação" a violência exercida sobre emigrantes portugueses na África do Sul.
"Com preocupação, mas temos de considerar que já houve tanto quanto sabemos períodos mais violentos e agora está com alguma violência acrescida, provavelmente por causa da covid-19 e de todos os problemas que traz para as pessoas", adiantou aos jornalistas.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas realiza desde hoje e até domingo a sua primeira visita à África do Sul para avaliar as dificuldades da comunidade portuguesa local residente em Pretória, Joanesburgo e Cidade do Cabo.
Berta Nunes é acompanhada pela diretora de Ação Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Maria da Luz Cabral.
Estima-se que residam na África do Sul cerca de 450 mil portugueses e lusodescendentes.
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