Numa mensagem de "profundo pesar pela morte do professor Eduardo Lourenço, colaborador de longa data e administrador não-executivo da Fundação entre 2002 e 2012", a presidente do Conselho de Administração, Isabel Mota, destaca "a sua imensa cultura, alavancada por uma enorme sede de conhecimento e interesse pelo sentido das coisas, o seu amor pela História, o seu discreto sentido de humor".
"Pensador de espírito livre e olhar profundo, aberto e sempre diferente sobre as questões, o professor Eduardo Lourenço deu, ao longo dos anos, um importante contributo na forma de se pensar o destino português", disse a presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, citada pelo comunicado da instituição.
Recordando "um amigo", Isabel Mota destaca "a sua imensa cultura, alavancada por uma enorme sede de conhecimento e interesse pelo sentido das coisas, o seu amor pela História, o seu discreto sentido de humor, tão característico dos homens de grande sabedoria."
"Uma referência que há de permanecer em nós apesar de, neste momento, deixar a Fundação Calouste Gulbenkian de luto", conclui.
O ensaísta Eduardo Lourenço morreu hoje, em Lisboa, confirmou à agência Lusa fonte da Presidência da República.
Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.
Nascido em S. Pedro de Rio Seco, concelho de Almeida, distrito da Guarda, na Beira Alta, em 23 de maio de 1923, lecionou em diversas universidades, de Coimbra a Brasília, passando por Hamburgo, Heidelberg, Montpellier, Grenoble e Nice.
Autor de vasta obra -- a primeira das quais, "Heterodoxia", publicada em 1949 -- debruçou-se sobre uma grande variedade de temas filosóficos, políticos, culturais, religiosos e literários, tendo dedicado parte importante dos seus estudos críticos e literários à poesia, com ênfase em Camões, Pessoa e Antero.
A Fundação Calouste Gulbenkian, onde Eduardo Lourenço ainda mantinha um gabinete de trabalho, continua a publicar as suas obras, tendo recentemente editado os volumes VIII e IX, das suas Obras Completas, "Requiem para Alguns Vivos" e "Pessoa Revisitado. Crítica Pessoana I (1949 -- 1982)".
"O Labirinto da Saudade", "Fernando, Rei da Nossa Baviera", "Os Militares e o Poder" são algumas das suas principas obras.
Ao longo da sua vida, recebeu numerosas distinções, entre as quais o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1988), o Prémio Camões (1996), o Prémio Pessoa (2011) e o Prémio da Academia Francesa (2016).
Entre outras condecorações, foi agraciado com as Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago da Espada da Ordem do Infante D. Henrique e da Ordem da Liberdade. Foi ainda nomeado Officier de la Légion d'Honneur e consagrado Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Rio de Janeiro (1995), Universidade de Coimbra (1996), Universidade Nova de Lisboa (1998) e Universidade de Bolonha (2006).