O primeiro-ministro considerou "uma excelente notícia" o facto de a Agência Europeia do Medicamento ter antecipado do dia 29 para dia 21 de dezembro o processo de apreciação da vacina da Pfizer-BioNTech, sem no entanto comentar se essa antecipação poderá fazer com que os planos de vacinação comecem ainda este ano, mais cedo do que o previsto.
"Estamos todos a fazer um grande esforço para coordenar de forma a que, no mesmo dia, em todos os Estados-membros possamos iniciar o plano de vacinação", reiterou António Costa, elogiando o papel da Comissão Europeia "ao assegurar a compra conjunta".
"É uma excelente demonstração da mais-valia que constitui a UE, a garantia que todos os cidadãos da Europa, seja de que Estado forem, maior ou mais pequeno, mais rico ou mais pobre, do Norte, do Sul, do Este ou do Oeste, vão ter acesso simultaneamente à vacina", vincou o chefe do Executivo, em declarações aos jornalistas depois de um encontro com Macron, em Paris.
De recordar que António Costa referiu, na semana passada, à margem do Conselho Europeu, que o dia 5 de janeiro seria um "ótimo dia" para arrancar o processo de vacinação.
Esta quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já tinha deixado a garantia de que "todos os Estados-membros começarão a vacinação no mesmo dia".
A afirmação foi proferida durante um debate no Parlamento Europeu sobre a cimeira de líderes da UE da semana passada. Ursula von der Leyen sublinhou que "ninguém deve pensar que está a salvo [da pandemia], não quando mais de 3.000 europeus morrem de Covid-19 a cada dia", isto, apesar de já haver "finalmente boas notícias".
A presidente da Comissão Europeia referia-se à existência de várias vacinas, sendo que "a Comissão Europeia negociou a mais ampla carteira de candidatas a vacinas", nada menos que seis.
A responsável lembrou que a primeira vacina deverá ser autorizada já dentro de poucos dias, depois de a Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter anunciado na véspera que antecipou a reunião para tomar uma decisão sobre a vacina Pfizer-BioNTech para 21 de dezembro, uma semana mais cedo que o previsto.
Nesta senda, a responsável exortou a União Europeia a iniciar "tão cedo quanto possível" uma campanha de vacinação contra a Covid-19, sublinhando que deve arrancar em simultâneo nos 27 Estados-membros, para assegurar a erradicação do "vírus horrível".
EMA antecipa aprovação. Pressão da Alemanha?
A entidade, que regula a aprovação de medicamentos na União Europeia, tinha agendado a reunião para 29 de dezembro, mas decidiu antecipar justificando que o fez depois de ter recebido dos laboratórios que a produzem informação adicional sobre a vacina.
A antecipação da data da reunião surge, contudo, depois de o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, ter pressionado o regulador europeu a acelerar a aprovação da vacina.
O ministro considerou a situação "especialmente irritante" porque o uso da vacina desenvolvida pela BioNTech, da Alemanha, e pela farmacêutica norte-americana Pfizer foi autorizada em países como o Reino Unido, Estados Unidos ou Canadá, mas ainda está à espera de aprovação da Agência Europeia de Medicamentos, não podendo, por isso, ser usada na Alemanha ou em qualquer um dos 27 países da UE.
Esta terça-feira, Jens Spahn aumentou a pressão, juntando-se a uma importante associação de hospitais e legisladores para exigir que a agência aprove uma vacina contra o coronavírus antes do Natal.
"O nosso objetivo é que haja uma aprovação antes do Natal para que ainda possamos começar a vacinar este ano", disse então o ministro.
"Uma vacina que foi desenvolvida na Alemanha não pode ser aprovada e ministrada (no país) só em janeiro", reforçou a deputada federal do Partido Democrata Livre, Christine Aschenberg-Dugnus.
Também a Associação Alemã de Hospitais divulgou hoje um comunicado, exigindo que a União Europeia encurte o longo processo de aprovação e emita uma autorização de emergência para a vacina Pfizer-BioNTech.