O Sindicato dos Médicos da Zona Sul acusou o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa (CHULC) de "graves irregularidades na manipulação de cadáveres de doentes Covid-19 falecidos".
Num comunicado enviado às redações, o sindicato refere que estas graves irregularidades "atentam contra a dignidade dos doentes com infeção por SARS-CoV-2 e seus familiares".
De acordo com o sindicato, "no CHULC, após o falecimento de doentes com Covid-19, tem sido frequente o atraso na recolha do corpo, muito além do tolerável nesta situação. Não raramente, os cadáveres permanecem largas horas na enfermaria onde faleceram, muitas vezes ao lado de doentes internados", pode ler-se na nota.
O SMZS refere ainda que esta situação não é recente e que é do conhecimento do Conselho de Administração do CHULC. "O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) tomou conhecimento desta situação, ao que tudo indica não recente, e aparentemente não só com o conhecimento do CA do CHULC, como também agravada por este, ao admitir a suspensão da recolha de cadáveres durante o período noturno", explica o comunicado, que refere que a situação "constitui uma violação inaceitável das boas práticas em caso de falecimento".
O Sindicato refere ainda que, além de a situação resultar "numa compreensível perturbação significativa para os doentes que permanecem internados com um cadáver no quarto", a impossibilidade de libertar camas para receber doentes a necessitarem de internamento faz com que estes permaneçam tempo excessivo no Serviço de Urgência, "com prejuízo para si e agravando as condições de trabalho e prestação de cuidados nesse local".
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul aponta que tem vindo a denunciar "um conjunto de más práticas por parte do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa (CHULC)" e que "a impreparação deste CA, ao não planificar o centro hospitalar para a segunda vaga da pandemia, levando ao tratamento desumano dos seus utentes, além do desprezo pelas condições de trabalho de médicos e profissionais de saúde, merece a maior atenção – e uma pronta resposta – por parte do Ministério da Saúde, que tem ignorado a situação".
O sindicato refere que "além das deficientes condições de trabalho já amplamente denunciadas", também "esta situação mostra a falta de competência do Conselho de Administração (CA) do CHULC em assegurar resposta à pandemia em todas as suas vertentes".