Aumento de casos depois do Natal foi "maior do que o esperado"

A reunião entre especialistas, dirigentes políticos e representantes de organizações da sociedade civil antecede a decisão, tida como certa, de colocar o país em novo confinamento geral para travar o avanço da pandemia.

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© Reprodução Twitter / @antoniocostapm

Notícias ao Minuto com Lusa
12/01/2021 10:06 ‧ 12/01/2021 por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Covid-19

O primeiro-ministro, líderes partidários, dirigentes de confederações patronais e das estruturas sindicais já estão reunidos com os especialistas para avaliar a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, na sede do Infarmed, em Lisboa.

O encontro arrancou com uma breve introdução da ministra da Saúde, Marta Temido, sobre a ordem de trabalhos, sendo que a reunião tem em vista acabar por volta das 13h00.

André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde (DGS), foi o primeiro interveniente do dia, que começou por recordar que, na última reunião no Infarmed, que se realizou no início de novembro, verificava-se uma tendência decrescente - que se "manteve até muito próximo do Natal". Contudo, o cenário reverteu-se, sublinhou o diretor de serviços de Informação e Análise da DGS, e, hoje, "temos uma tendência fortemente crescente atingindo já o máximo histórico da incidência cumulativa a 14 dias por 100 mil habitantes"

"Em todo o território nacional há um agravamento generalizado da situação epidemiológica, com incidências superiores a 480 casos por 100 mil habitantes", alertou o responsável, acrescentando que a situação é igual nas regiões autónomas, apesar de se registar uma incidência menor.

"[Há ainda] áreas com incidência extremamente elevada superior a 960 casos por 100 mil habitantes dispersas um pouco por todo por todo o território", precisou.

Em comparação com o pico da segunda vaga, explicou o perito, a situação atual "é de maior homogeneidade e de agravamento da incidência".

Sobre o impacto do novo vírus nos diferentes grupos populacionais, André Peralta Santos revelou que, desde o início de 2021, que "há um crescimento da incidência" em todas as idades, ainda que dos 0 aos 9 anos continue-se a verificar a incidência mais baixa.

"Continua a haver uma sobreposição na faixa etária dos 10 aos 19 anos. A população ativa, dos 20 aos 60 anos, tem incidência superior à média nacional, sobretudo nas faixas etárias de 20 aos 30 anos e dos 30 aos 40. A população mais vulnerável tem uma incidência na ordem da média nacional, mas depende de outros e, por isso, tem mais contactos próximos", detalhou.

Norte preocupa e crescimento após o Natal é "maior do que o esperado"

Terminada a avaliação do especialista da DGS, Óscar Felgueiras, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, tomou a palavra, focando-se na evolução da Covid-19 por concelhos. Começando pela região Norte do país, o perito sublinhou que esta zona tem uma incidência de crescimento "particularmente forte na última semana", 30% mais gravosa do que na maior parte do restante território nacional.

Por sua vez, Duarte Tavares, do Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, admitiu que o aumento de casos depois do Natal foi "maior do que o esperado". Contudo, avançou o responsável, o número de contágios em lares de idosos tem tido uma tendência "decrescente de forma consistente" desde agosto.

Mais de 100 cidadãos recusam diariamente fazer teste à chegada a Lisboa

"Diariamente, em média, mais de 100 cidadãos portugueses ou com residência em Portugal recusam fazer teste à chegada e não o trazem feito", avançou ainda investigador Duarte Tavares.

Por outro lado, a análise dos dados permitiu também evidenciar, segundo Duarte Tavares, um crescimento do número de casos importados de outros países, sendo que esse facto está também dependente do número de voos realizados no aeroporto Humberto Delgado.

"Nos primeiros 11 dias de janeiro verificamos um número de casos bastante semelhante face àquele que aconteceu em todo o mês de novembro. No que respeita ao número de casos, em novembro tivemos 58 e até meados de janeiro tivemos 53; o número de voos foi 50 (em novembro) e 33 (em janeiro)", sublinhou.

Sobre a evolução da pandemia em diferentes faixas etárias na região de Lisboa e Vale do Tejo, Duarte Tavares notou um "aumento da transmissão comunitária", em que há "cada vez mais casos em mais jovens, dos 20 aos 29 anos".

Confinamento com escolas abertas reduz transmissibilidade abaixo de 1

De seguida, o investigador Baltazar Nunes, do Instituto Ricardo Jorge (INSA), alertou para as consequências de não se tomarem de imediato medidas para travar o ritmo de transmissão, cujo Rt nacional está atualmente em 1,22.

"Se não fizermos nada, mantendo-se o Rt atual, o número de casos e hospitalizações vai continuar a aumentar de forma exponencial. Se implementarmos essas medidas por duas semanas, o Rt volta a aproximar-se de 1. Se for por um mês, já se começa a ver uma redução em todos os cenários. Quanto maior for o confinamento, maior será a redução da transmissão", sublinhou.

Depois de revelar que o Rt passou de 0,98 no dia 25 de dezembro para 1,2 no dia 30, Baltazar Nunes traçou então diferentes cenários de confinamento para janeiro e fevereiro, que previam a continuidade das aulas presenciais para todos os ciclos, a suspensão de atividade letiva presencial acima dos 15 anos e o encerramento total das aulas presenciais, como ocorreu em março e abril de 2020.

Segundo as estimativas da equipa coordenada pelo investigador do INSA, um confinamento com "as escolas em regime presencial é suficiente para trazer o Rt para baixo de 1", mas a descida será superior se houver suspensão das aulas para os alunos com mais de 15 anos e ainda mais acentuada numa eventual suspensão total da atividade letiva.

Atualmente, o Rt nacional é de 1,22. A nível de distribuição geográfica, verifica-se que a região Norte tem o índice de transmissibilidade mais baixo, com 1,18, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (1,23), Madeira (1,24), Centro (1,25), Alentejo e Açores (1,27) e Algarve (1,29).

Paralelamente, Baltazar Nunes analisou os efeitos das medidas de restrição aplicadas pelo Governo ao fim de semana nos últimos meses, considerando que "a incidência estava a crescer a 3% no período anterior ao confinamento ao fim de semana" e depois passou a registar-se "uma tendência de redução de 1,4% a 1,9%", sendo essa diminuição também visível no impacto em hospitalizações.

Reveja aqui a reunião:

[Notícia em atualização]

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