No penúltimo dia de campanha, na Alfândega do Porto, Marisa Matias fez o mais forte apelo ao voto dos seus discursos e, ao contrário das outras vezes em que se referiu ao líder do Chega -- usando expressões como "esse senhor" ou o "candidato da extrema-direita" - desta vez a candidata apoiada pelo BE proferiu mesmo o nome de André Ventura.
"Se as pessoas de esquerda forem votar, haverá duas candidatas à frente de Ventura e não só uma. Em Portugal, a democracia e a solidariedade são mesmo muito maiores que a política do ódio", enfatizou.
Depois de uma longa lista de agradecimentos, citando muitos dos nomes com os quais se cruzou ao longo da campanha e evocando o antigo coordenador do BE João Semedo, a recandidata presidencial deixou para o fim uma pergunta: "encontrámo-nos todos, encontrámo-nos todas e porque é que nos juntamos, aqui, nesta campanha? Que esperança é esta que nos levanta?".
A resposta da bloquista não tardou: "essa esperança é a emergência".
"É a emergência covid, é a emergência desemprego, é a emergência racismo, é a emergência climática, é a emergência liberdade", enumerou.
Para Marisa Matias, a "vida incomoda o conservadorismo e o insulto grosseiro daqueles que quiseram fazer da campanha um ataque às mulheres".
"Enganaram-se, enganaram-se tanto. É que atacaram as filhas da liberdade", atirou.
Daqui, a candidata a Belém apoiada pelo BE partiu para o apelo direto ao voto: "votem com vontade contra a boçalidade, votem com alegria pela vida, votem para abraçar-nos toda a nossa gente, votem contra o ódio porque o ódio é a pior das doenças, contamina e nunca se cura, aliás só piora".
O ódio, nas palavras de Marisa Marias, "é a ignorância dos que têm medo".
"Os pseudo-valentes, quando se trata de insultar mulheres, de desprezar imigrantes, de ignorar os desempregados, de fazer negócio com a saúde privada, têm quem lhes faça frente e estou aqui pelas mulheres do meu país, pelos homens do meu país, pelos jovens, por quem trabalha, por quem paga impostos, pelos pensionistas. estou aqui pelo povo de Portugal", assegurou.
E depois, a bloquista voltou ao apelo direto ao voto.
"Quando votar neste domingo ajude-me a mostrar a força de quem não deixa mesmo ninguém para trás. E se vais votar pela primeira vez, vota pela liberdade que nos deram os nossos pais e os nossos avós, vota pela democracia que é o ar que respiramos", pediu.
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