O responsável pela delegação do Norte do INEM pôs o lugar à disposição -e não apresentado a sua demissão - depois de ter sido noticiado que o instituto tinha vacinado contra a Covid-19 funcionários de uma pastelaria no Porto. Segundo noticiou hoje o Correio da Manhã, a delegação regional do Norte do INEM incluiu os proprietários e funcionários de uma pastelaria do Porto no grupo de profissionais que foi vacinado na primeira fase do plano de vacinação e que receberam as duas doses da vacina.
Em declarações aos jornalistas, na tarde deste sábado, a partir da delegação do INEM no Porto, António Rui Barbosa referiu que "num principio de idoneidade e isenção" colocou o lugar à disposição, mas justifica a decisão de ter vacinado os funcionários do estabelecimento com a outra hipótese ser deitar as vacinas fora.
"Não quisemos deitar vacinas ao lixo", disse. "Recebemos a indicação que teríamos cerca de 85 frascos no domingo à noite, correspondia, segundo o que estava descrito, a 425 doses. Precisámos de planificar, de chamar as pessoas, perceber quem queria, quem poderia fazer a administração das vacinas, foi um processo contínuo", explicou o responsável.
Questionado sobre se não lhe ocorreu pedir um parecer da DGS sobre o que fazer com as 11 vacinas ou a quem as administrar, o responsável respondeu que "estamos a falar de 'timings', estamos a falar de um limite de tempo para administração daquela vacina", elaborando que, "depois de serem descongeladas, as vacinas têm um limite de 120 horas em que podem ser administradas, mas vêm em frascos que estão concentrados e têm de ser diluídos e depois disso têm cerca de 5/6 horas para ser administrados. Depois de preparados em seringa é preciso diminuir ao menor tempo possível a sua administração. Tínhamos 11 vacinas preparadas da manhã, que resultaram de um erro de planeamento, naturalmente".
"Do universo de profissionais prioritários houve cerca de 60 pessoas, entre médicos e enfermeiros, que não quiseram, por terem sido vacinados nas suas instituições, por exemplo. Ora, as vacinas estavam preparadas em série e tivemos dificuldades em perceber quem poderia vir ou não tomá-las", justificou, acrescentando que "naquele momento, como médico, tive de tomar uma decisão e, se fossem as condições exatamente da mesma maneira, a decisão de administrar a vacina a cidadãos, fossem eles quais fossem, era exatamente a mesma. Era imoral, antiético, descartar vacinas numa altura destas", garantiu.
António Rui Barbosa espera agora que "o inquérito decorra" e pelo menos as justificações que apresentou sejam levadas em conta. "Até agora não recebi nenhuma resposta", revelou ainda.
"A decisão foi tomada aqui, no momento, porque assim teve de ser A decisão foi minha, obviamente concertada com toda a equipa de administração, fui chamado à tomada de decisão e foi nesse sentido", sublinhou. "Naquele momento a decisão era entre descartar, literalmente deitar ao lixo vacinas ou administrar a qualquer cidadão", reforçou.
Como razão para ter vacinado especificamente os funcionários da pastelaria, o responsável assinalou ter sido por uma questão de "proximidade, por disponibilidade e também por ser num centro de vacinação aqui montado, o que nos permitia ter um controlo mais efetivo sobre o processo de vacinação". "A questão do favorecimento não tem justificação", refutou.
Os funcionários da pastelaria terão sido imunizados "dia 8 de janeiro à tarde" e a "segunda dose foi dada 21 dias depois", tendo por isso sido administrada esta sexta-feira, dia 29 de janeiro.
[Notícia atualizada às 17h43]
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