"É mau para tudo. Está tudo fechado, não podemos ir para Espanha nem os espanhóis podem vir cá [a Vilar Formoso]", disse hoje à agência Lusa João Mesquitela, de 72 anos, morador na vila fronteiriça de Vilar Formoso.
O habitante vaticina que "o rombo" do confinamento e do fecho temporário da fronteira será "o mesmo que aconteceu" com a abolição das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha, em 1992.
"Isto está mau para todos e para nós ainda será pior, porque os estabelecimentos comerciais podem fechar", admitiu João Mesquitela.
A moradora Maria Santos, de 67 anos, também reconhece que a situação está "muito má" devido às limitações originadas pela pandemia.
"Está tudo muito mau para todos e não é pouco. Os comércios estão fechados e não se pode passar para Espanha. Havia aqui [em Vilar Formoso] muito comércio e muito movimento de espanhóis e agora está tudo fechado e estamos na miséria. Isto está muito pior do que quando acabaram com a fronteira", disse amulher.
A mesma habitante de Vilar Formoso acredita que, quando a pandemia passar, "muitos dos comércios já nem devem abrir as portas".
O proprietário do Café Pastelaria Lima, localizado na Rua do Comércio, no centro de Vilar Formoso, disse à Lusa que o confinamento atual "poderá ser ainda pior do que o mais antigo".
João Lima, que tem o estabelecimento encerrado, referiu que irá reabrir portas porque não paga renda: "Se o espaço não fosse meu, não teria possibilidade de continuar".
O empresário admite que a atual situação "pode significar um rombo para o comércio" da vila fronteiriça e também da vizinha localidade de Fuentes de Onõro.
"Aqui, em Vilar Formoso, valem-nos muito os espanhóis. Eles vinham todos os dias, mas desde que começou a pandemia deixaram de vir", disse João Lima, que augura um futuro "negro" para o setor comercial.
No âmbito da reposição do controlo de pessoas nas fronteiras, em vigor até ao dia 14, como aconteceu em março de 2020, é limitada a circulação entre os dois países, em pontos de passagem autorizados, a transporte de mercadorias, trabalho, e veículos de emergência e socorro e serviço de urgência, como acontece na fronteira terrestre de Vilar Formoso/Fuentes de Onõro.
O Governo explicou em comunicado que há oito pontos de passagem permanentes (24 horas por dia), cinco pontos de passagem autorizados nos dias úteis das 07:00 às 09:00 e das 18:00 às 20:00, e um ponto de passagem autorizado (Rio de Onor) às quartas-feiras e aos sábados das 10:00 às 12:00.
Os oitos pontos permanentes são em Valença, Vila Verde da Raia, Quintanilha, Vilar Formoso, Marvão, Caia, Vila Verde e Castro Marim.
Os cinco pontos de passagem nos dias úteis são Monção, Miranda do Douro, Termas de Monfortinho, Mourão e Barrancos.
Leia Também: AO MINUTO: Portugal entre os mais atrasados a vacinar; País confina menos