De visita ao Hospital Prisional São João de Deus, onde foi feita, esta quinta-feira, a vacinação do corpo de guardas prisionais, António Costa vincou que os casos de desvios de vacinas contra a Covid-19 "são graves", mas defendeu que "não podemos, a partir de um fruto podre, diminuir uma operação de grande sucesso", a vacinação.
Em declarações aos jornalistas depois de ter assistido à vacinação de funcionários dos Estabelecimentos Prisionais da Carregueira, Linhó e Sintra, o primeiro-ministro comentou os "casos que não cumprem a ordem devida no processo de vacinação, o que é grave e exige demissão. Por isso, foi comunicado ao Ministério Público".
Já sobre a saída de Francisco Ramos da coordenação da Task Force da vacinação contra a Covid-19, o chefe do Executivo reiterou que em causa está "uma ocorrência numa instituição, o Hospital da Cruz Vermelha. A substituição do responsável nada teve a ver com o trabalho no âmbito do plano de vacinação contra a Covid-19".
O cargo é agora assumido pelo vice-almirante Gouveia e Melo que, "desde o princípio, esteve [ligado ao] processo de vacinação. [O vice-almirante] era membro da Task Force, enquanto responsável pela operação de logística. Agora prossegue na liderança da equipa", destacou Costa.
Questionado se a maioria da população estará vacinada contra o novo coronavírus até ao verão, o líder do Governo respondeu de forma perentória: "O plano de vacinação é conhecido".
Ora, de acordo com António Costa, "se as quantidades de vacinas contratadas forem entregues a tempo e horas, não há razão para não acreditar que não vamos cumprir o plano de vacinação. Se tudo correr bem e não houver atrasos ou incidentes, atingiremos os 70% de imunização comunitária no final do verão. É isso que está previsto".
Portugal está, neste momento, a trabalhar no "novo objetivo da União Europeia", que prevê que "80% dos maiores de 80 anos deverão estar vacinados até ao final do primeiro trimestre", indicou. Recorde-se que, nesta segunda fase de imunização, serão vacinadas as pessoas entre os 50 e os 79 anos com uma das quatro comorbilidades com probabilidade de internamento ou de óbito e as pessoas com mais de 80 anos.
Considerando que o ritmo de vacinação depende da entrega de vacinas por parte das farmacêuticas, o primeiro-ministro foi questionado sobre a eventual compra do fármaco por Portugal, de forma isolada da União Europeia (UE). Em resposta, Costa atirou que é "preciso muita ingenuidade para alguém pensar que um país isolado, ainda que fosse um grande país, estaria em melhores condições que a UE para negociar em nome dos 27". É preciso, isso sim, "apoiar a Comissão Europeia para garantir que os contratos feitos com a indústria são cumpridos".
Sobre a proposta do PSD, que propôs a criação do crime de vacinação indevida com pena de prisão até três anos, o governante esclareceu que "o parecer dos serviços jurídicos da presidência do Conselho de Ministros refere que a generalidade das práticas que têm sido noticiadas já são abrangidas por tipos criminais existentes e por isso comunicámos ao Ministério Público".
António Costa destacou ainda que esta segunda fase de vacinação, onde estão incluídos "todos aqueles que asseguram serviços essenciais ao país, designadamente aqueles que trabalham nas forças e serviços de segurança", integra uma "longa maratona que temos pela frente".
A "prioridade foi dada ao corpo de guardas prisionais, tendo em conta o risco para si próprios mas também para aqueles que aqui estão internados, já que prestam um serviço em zonas de trabalho confinado e o risco de contaminação é extremamente elevado". Quanto aos reclusos, "têm também o direito a serem vacinados e serão no momento próprio".
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