As estimativas, que assentam em dois cenários, foram apresentadas pelo presidente da direção Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto na reunião para analisar a situação epidemiológica da covid-19 que juntou, no Infarmed (Lisboa), investigadores, o primeiro-ministro, o Presidente da República, ministros, partidos, confederações patronais, estruturas sindicais e conselheiros de Estado.
Os parâmetros utilizados para pensar o efeito da vacinação baseiam-se num modelo que considera os internamentos gerais e os internamentos em unidades de cuidados intensivos e também as vacinações, assumindo duas hipóteses de eficácia vacinal: 90 ou 70%.
"Supondo que 70% da população estará vacinada no final de setembro temos dois cenários diferentes para a velocidade da vacinação", adiantou.
Um dos cenários pressupõe que dois milhões de pessoas estarão vacinadas até o fim de abril e os cinco milhões restantes até ao final de setembro.
O outro cenário baseia-se em que se consegue vacinar cerca de quatro milhões de pessoas até final de abril, o que implica inocular 4.000 pessoas por dia.
"A vacinação é assumida como aleatória, ou seja, nós não vamos saber se a pessoa já teve ou não teve infeção", disse, adiantando que no dia do início da vacinação se assumiu que um milhão de portugueses já teria estado infetados e estavam imunes.
"Isto é uma estimativa muito conservadora, provavelmente, será mais próximo do milhão e meio", comentou.
Aludindo ao primeiro cenário, em que há uma eficácia vacinal de 90% e a vacinação está a decorrer à velocidade prevista, "salvamos 3.500 vidas até ao fim de setembro" comparando com o cenário de não haver vacinação.
Se a eficácia vacinal fosse apenas de 70% os valores são "muito próximos" e pouco modificaria os ganhos em saúde que se iria obter.
"Tínhamos diferenças muito relevantes optando por um cenário de vacinação muito mais rápida até ao final de abril, onde conseguiríamos chegar nessa altura muito abaixo dos 200 internados nos cuidados intensivos" e num "patamar ideal de 50 casos por 100 mil habitantes, adiantou o também presidente do Conselho Nacional de Saúde.
A concluir, Henrique Barros disse que "a infeção apresenta uma heterogeneidade no tempo e no espaço que permanece e que condiciona a sua compreensão, bem como a natureza e a extensão das medidas" a tomar sobre vários fatores.
"Entre esses fatores está a vacinação que tem um o papel central na resposta a curto e mesmo a médio prazo e que depois naturalmente se prolongará no tempo, muito provavelmente - de um ponto de vista especulativo - com a necessidade de vacinação periódica e provavelmente anual", declarou.
Para o investigador, se o país for capaz de "um esforço de aceleração do processo de vacinação" terá "ganhos inequívocos em vidas e numa melhor gestão nos cuidados de saúde".
"E podemos imaginar verdadeiramente sair da situação atual no final do verão", rematou.
Presente da reunião no Infarmed, o coordenador da 'task force', Gouveia e Melo, considerou que a percentagem das vacinas aplicadas "é muito elevada e só não é mais elevada por uma questão de segurança relativamente às segundas doses.
Dados divulgados pelo vice-almirante indicam que já foram administradas 294 mil primeiras doses e 1.06l segundas doses, ou seja, na segunda-feira, 106 mil pessoas já estavam "totalmente vacinadas".
Em Portugal, já morreram 14.557 pessoas dos 770.502 casos de infeção confirmados de covid-19, segundo a Direção-Geral da Saúde.