Dispensar segunda dose da Pfizer? "Ainda é prematuro" avançar com decisão

Escassez de vacinas contra a Covid-19 obriga a task force a "adaptar o plano à realidade".

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Melissa Lopes
19/02/2021 20:08 ‧ 19/02/2021 por Melissa Lopes

País

Vacinação

O coordenador da task force do plano de vacinação da Covid-19 em Portugal, o vice-almirante Gouveia e Melo, afirmou esta sexta-feira, na RTP, que a campanha precisa de ajustes "porque as vacinas que se pensavam que estavam disponíveis nesta fase reduziram-se para metade", assegurando, contudo, que isso "não significa mudar o plano", mas sim adaptá-lo "à realidade existente".

Durante a tarde desta sexta-feira, sublinhe-se, a task force tinha esclarecido que "não existe qualquer alteração ao estabelecido no plano em vigor", mantendo-se as prioridades. Um esclarecimento que surgiu depois de o semanário Expresso ter noticiado que a vacinação das forças de segurança e bombeiros vai deixar de liderar as prioridades devido à escassez de vacinas, sendo reforçada a administração a pessoas com 80 ou mais anos e entre os 50 e os 79 anos com doenças crónicas.

Uma dose só? DGS e Infarmed não "desprezam" dados, mas é prematuro

Questionado na RTP sobre a eventual dispensa da segunda dose da Pfizer, tendo em conta, por exemplo os dados de Israel sobre a primeira dose (que atinge uma eficácia de 85%), o responsável indicou que "todos os dados exteriores que implicam com a campanha são analisados e são importantes", notando que "nenhum dado é desprezado". Estes dados, completou, são analisados pela Direção-Geral de Saúde (DGS) e pelo Infarmed.

"Se forem significativos, claro que terão impacto positivo no plano de vacinação", afirmou, considerando, todavia, ser "ainda prematuro" avançar com qualquer decisão sobre o assunto. "Tem de haver dados concretos que permitam ter segurança nessa conclusão", disse.

Frisando que "do ponto de vista logístico" dispensar a segunda dose da vacina "faz a diferença", o responsável defendeu que do ponto de vista da saúde pública "também tem de fazer sentido". "E é isso que tem de ser avaliado por quem é competente", indicou.

Sobre o facto de a AstraZeneca ter sido considerada eficaz pela Autoridade Europeia do Medicamento a pessoas de mais de 65 anos, sendo que em Portugal tal ainda não está a acontecer, Gouveia e Melo considerou que "qualquer alteração ao plano requer que a própria DGS e o Infarmed se pronunciem sobre a nova hipótese". Só depois disso é que a task force poderá mudar o plano.

Quanto à problemática das sobras das vacinas, o coordenador da clarificou as orientações dadas. As alterações feitas para tornarem o processo mais claro, disse, envolvem, por exemplo, ter uma lista de pessoas que possam substituir as que estão a ser vacinadas.

Outra das alterações prende-se com a perfuração do frasco, que depois só tem seis horas de vida. Esse frasco só deve ser perfurado depois de se ter a certeza que há seis pessoas para vacinar. Outra indicação envolve não deixar o último dia para a vacinação, porque havendo, por exemplo, um surto num lar, depois não há tempo para encontrar pessoas para vacinar dentro do prazo.

O responsável afirmou ainda que a entrega de muitas doses a instituições, que depois originam muitas sobras, "em princípio", é algo que "não deve acontecer".

"O pedido de doses é feito através de uma necessidade que já está contabilizada, isso não acontece em princípio", disse, desconhecendo algum caso dessa natureza.

Vacinar em farmácias? Poderá acontecer no verão

Questionado sobre a hipótese de se vir a vacinar em farmácias, o coordenador do grupo de trabalho sublinhou que, "conforme o número de vacinas vai aumentar no país, temos de ter um ritmo de vacinação superior".

"Se o ritmo for ao ponto em que esgotamos a capacidade normal de vacinação temos de encontrar alternativas", declarou, referindo-se às farmácias. "Não se pode pôr de parte nenhuma alternativa à partida. Tem que ser considerada como outra alternativa qualquer. Serão aplicadas quando e no modo adequado à necessidade do ritmo da vacinação", firmou.

A ser necessário, a vacinação nas farmácias poderá ocorrer "entre o fim do segundo trimestre e início do terceiro trimestre", ou seja, no verão, altura em que se prevê maior ritmo de vacinação.

"O que não implica necessariamente que [as farmácias] vão ser chamadas. Se o processo for conseguido pelo sistema normal e pelos postos de vacinação rápida que se vão criar, não há necessidade de chamar as farmácias. Mas se for necessário, também não há nenhum impedimento ou constrangimento psíquico", rematou.

A vacinação contra a Covid-19 iniciou-se a 27 de dezembro. Até ao momento, de acordo com os dados disponibilizados pelo Governo, foram administradas mais de 618 mil vacinas. Quase 230 mil já estão imunizados.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.441.926 mortos no mundo, resultantes de mais de 110,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 15.821 pessoas dos 794.769 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: AO MINUTO: INSA anuncia redução de casos "em todo o país"

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