Informação científica mostra que vacina da AstraZeneca "é segura"
O virologista Pedro Simas afirmou hoje que a informação científica demonstra que a vacina da AstraZeneca, suspensa em vários países por precaução, é segura, defendendo que deve continuar a ser administrada em Portugal para "salvar vidas".
© Libia Florentino / Global Imagens
País Covid-19
"Toda a evidência (informação) científica, que é muito forte, indica que a vacina é segura, tanto nas fases 1, 2, 3, como agora na fase 4, não havendo nenhuma razão para o nosso país suspender a sua utilização", afirmou à Lusa o especialista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa.
O especialista lembrou que no Reino Unido já foram inoculadas com esta vacina mais de onze milhões de pessoas e na União Europeia cerca de cinco milhões de pessoas e, até agora, "não foram reportados eventos tromboembólicos superiores àqueles que seriam esperados normalmente".
"Isso é uma evidência (prova) muito grande de que a vacina é segura", adiantou Pedro Simas, ao salientar que na fase 4 que está a decorrer, na qual já foram inoculadas pelo menos 16 milhões de pessoas, o novo fármaco tem demonstrado que é seguro.
"Temos muito poucas vacinas [em Portugal, não podemos deixar de vacinar as pessoas quando a vacina é segura", defendeu o virologista, ao manifestar-se, perante a informação científica disponível até ao momento, de acordo com a posição tomada pela Organização Mundial de Saúde e pela Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) e pela Direção-Geral de Saúde.
"Temos de tomar, neste momento, decisões com base na evidência (prova) científica que nos diz que a vacina é segura", afirmou.
Mais de uma dezena de países suspenderam o uso da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 por precaução, após relatos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
Hoje, o diretor do Oxford Vaccine Group garantiu que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo grupo farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca é segura, alegando que há "evidências (provas) muito tranquilizadoras de que não há aumento no fenómeno do coágulo sanguíneo no Reino Unido, onde a maioria das doses na Europa foram administradas até agora".
No domingo, em comunicado, a AstraZeneca disse que "uma revisão cuidadosa" dos dados de segurança disponíveis sobre mais de 17 milhões de pessoas vacinadas na União Europeia e no Reino Unido "não produziu evidências (provas) de um risco aumentado de embolia pulmonar, trombose venosa (TVP) ou trombocitopenia em qualquer faixa etária, sexo, lote ou país específico".
O governo holandês decidiu no domingo suspender o uso desta vacina, por precaução, até 28 de março, depois de "possíveis efeitos colaterais" terem sido relatados na Dinamarca e na Noruega com a vacina AstraZeneca, ainda sem ligação comprovada, de acordo com Ministério da Saúde.
Hoje, a Irlanda tomou a mesma decisão, depois de relatos de quatro novos casos graves de coágulos sanguíneos em adultos vacinados na Noruega.
Por sua vez, a Noruega, que também relatou hemorragias cutâneas em jovens vacinados no sábado, suspendeu a vacina na semana passada, assim como a Dinamarca, Islândia e Bulgária.
Na semana passada, numa conferência de imprensa em Genebra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu que não havia qualquer razão para não usar a vacina da AstraZeneca.
A porta-voz da OMS sublinhou que os especialistas da organização estão ainda a analisar a informação sobre a formação de coágulos sanguíneos, mas referiu que, por enquanto, não foi estabelecida qualquer relação de causa-efeito.
"Qualquer alerta de segurança deve ser alvo de investigação. Temos que assegurar que estudamos todos os alertas de segurança quando distribuímos as vacinas e temos de passar por eles, mas não existe qualquer indicação para não utilizar [as vacinas]", frisou Margaret Harris.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Infarmed afirmaram no domingo que a vacina da AstraZeneca pode continuar a ser administrada e frisaram que não há provas da ligação com os casos tromboembólicos registados noutros países.
No comunicado conjunto, a DGS e o Infarmed recordam que os casos notificados na Noruega "estão a ser avaliados pelo Comité de Segurança, PRAC, da Agência Europeia de Avaliação de Medicamentos (EMA)", esperando-se uma conclusão durante esta semana, uma análise que Pedro Simas considerou ser "muito importante".
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