Governo atento para que autotestes não entrem em "roda livre"

A ministra da Saúde garantiu hoje que o Governo estará atento ao processo de autotestes rápidos de antigénio, no sentido de assegurar que esta metodologia de despiste da covid-19 "não se transforme numa roda livre".

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Lusa
23/03/2021 19:41 ‧ 23/03/2021 por Lusa

País

Marta Temido

 

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"O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) tem um documento da semana passada sobre os riscos e as vantagens e sobre aquilo a que temos de estar atentos para que esta metodologia não se transforme numa roda livre. Não queremos que isso aconteça", afirmou Marta Temido.

Ouvida na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social, a governante garantiu que o governo estará atento à "boa realização dos testes e ao seu reporte", salientando a necessidade de as "pessoas não serem deixadas desintegradas" neste processo.

Os testes rápidos de antigénio para deteção do SARS-CoV-2 só podem ser vendidos a pessoas a partir dos 18 anos e todos os resultados devem ser comunicados às autoridades de saúde.

As regras constam de uma circular conjunta da Direção-Geral da Saúde (DGS), da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) publicada na última semana e que define os critérios de inclusão, operacionalização da utilização e reporte de resultados dos autotestes da covid-19.

Na última semana, o ECDC considerou que os autotestes de covid-19, que começam a ser mais acessíveis na União Europeia (UE), podem ajudar à deteção precoce, mas alertou também para uma eventual subnotificação.

"A transferência da responsabilidade de comunicar os resultados dos testes de profissionais de saúde e laboratórios para os indivíduos poderá levar a uma subnotificação, o que torna as medidas de resposta, tais como o rastreio dos contactos e a quarentena dos contactos ainda mais difíceis", alertou o ECDC.

Na audição parlamentar de hoje, Marta Temido adiantou também aos deputados que Portugal tinha contratado cerca de 4,4 milhões de vacinas para serem entregues no primeiro trimestre, mas a estimativa atual aponta para que cheguem ao país cerca de 2,3 milhões.

 "Não obstante este desvio, estamos já em condições de antecipar que poderemos cumprir os principais objetivos" de vacinar as pessoas com mais de 80 anos e os profissionais de saúde e de serviços sociais, reafirmou a ministra da Saúde.

"Comprometemo-nos com outras metas, caso da vacinação das pessoas com mais de 50 anos e com doenças associadas, mas este planeamento foi mais afetado pelos atrasos de entrega das vacinas", reconheceu a governante.

Marta Temido referiu ainda que a vacinação dos docentes e não docentes, que se inicia no próximo fim de semana, vai decorrer até "meados de abril", mas está dependente da disponibilidade de vacinas.

"Ficará a faltar ainda uma parte que se prende com a restante população, para a qual pretendemos ter uma abordagem de vacinação em função do risco etário", adiantou.

Ainda sobre a vacinação, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, assegurou aos deputados que os critérios de definição das fases do plano são técnicos e "tiveram sempre em linha de conta sempre a questão do risco de doença grave e morte".

"Todas as questões que são levantadas são avaliadas tecnicamente pela Direção-Geral da Saúde e pela comissão técnica de vacinação", disse Diogo Serras Lopes, ao sublinhar que o objetivo do governo é "não perder tempo" com a administração das vacinas.

"O nosso objetivo aqui é vacina chegada, vacina dada", assegurou o secretário de Estado.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.732.899 mortos no mundo, resultantes de cerca de 123,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.794 pessoas dos 818.212 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

 

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