"As intervenções cirúrgicas poderão ser necessárias, por serem as mais proporcionais, e estamos sempre atentos a essa necessidade", afirmou Marta Temido na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19.
De acordo com a ministra, o plano de desconfinamento do Governo foi desenhado de forma a abrir progressivamente e ao mesmo ritmo todo o país, mas apenas porque "todo o país tinha critérios para tal".
Apesar de o objetivo ser manter essa estabilidade, o executivo não fecha portas a medidas excecionais, proporcionais a diferentes níveis de risco.
"Gostaríamos de poder garantir que o país tem uma evolução de abertura que mantém algum alinhamento. Naturalmente que se for necessário fazer retrocessos, procuraremos que eles sejam o mais cirúrgicos e o mais limitados possível", afirmou.
Marta Temido respondia ao deputado do PSD Ricardo Batista Leite, que durante a sua primeira intervenção insistiu em esclarecer se determinadas zonas do país, onde a situação epidemiológica piore, terão respostas diferenciadas.
"Apenas queremos perceber, caso haja partes do território que entrem noutros quadrados da matriz [definida para o plano de desconfinamento], no amarelo ou no vermelho, o que é que isso traduz em termos concretos na vida das pessoas. É isso que as pessoas nos perguntam e muitas vezes temos dificuldade em responder", afirmou o social-democrata.
Do lado do Governo, a ministra deixou claro que a "necessidade de agir localmente" não é desvalorizada, como já aconteceu anteriormente.
Durante a audição, Marta Temido foi também desafiada pelo deputado socialista André Pinotes Batista a fazer um balanço do último ano, considerando que, quando a pandemia da covid-19 aparecer nos manuais, a sua gestão será estudada "de forma integrada".
Na sua retrospetiva, a ministra da Saúde sublinhou dois aspetos: "As pessoas que perdemos e a esperança que temos de ter pela frente".
"Percebemos como é muito fácil inverter uma tendência e como para ganhar o dia de amanhã é precisa muita paciência e muita persistência", afirmou, deixando igualmente elogios à forma como os portugueses têm respondido aos apelos.
Por outro lado, em perspetiva, Marta Temido reiterou a vontade de regressar à normalidade, mas deixou uma ressalva e um apelo.
"A normalidade com a qual ansiamos não estamos ainda em condições de ter e, portanto, pedimos às pessoas, porque ficar em casa ainda é necessário para reabrir passo a passo e com segurança", sublinhou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.732.899 mortos no mundo, resultantes de cerca de 123,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.794 pessoas dos 818.212 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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