"Com a subida do Rt, estamos um bocadinho à beira do precipício"
Henrique Oliveira, matemático e professor do Instituto Superior Técnico, acredita que "o desconfinamento não teve efeitos severos, no entanto temos de ter muito cuidado".
© Jorge Mantilla/NurPhoto via Getty Images
País Covid-19
Henrique Oliveira, matemático e professor do Instituto Superior Técnico, alertou, em entrevista à SIC Notícias, para o risco do aumento do índice de transmissibilidade (Rt). Na Páscoa, acredita, os portugueses devem ter cautela, uma vez que pode ser a 'porta' para uma quarta vaga da pandemia de Covid-19.
Analisando os últimos dados que retratam a evolução pandémica em Portugal, o matemático revela que, "felizmente não há uma tendência de grande crescimento. No entanto, com a subida do Rt, estamos um bocadinho à beira do precipício. Se não seguirmos as recomendações das autoridades de saúde, estamos numa situação muito complicada".
Esta quarta-feira, indicou ainda, era um dia "muito importante" para analisar a evolução da pandemia por cá, considerando que seriam conhecidos mais casos porque há laboratórios que fecham ao fim de semana. "Esta quarta-feira ficaríamos a saber se o desconfinamento de 15 de março fez efeito ou não e, de facto, parece que o desconfinamento não agravou os números da incidência", vincou.
Pese embora Henrique Oliveira acredite que o desconfinamento "não agravou os números da incidência, o índice de transmissibilidade tem vindo a subir gradualmente. Isso é muito preocupante. Estamos bem, o desconfinamento não teve efeitos severos, no entanto temos de ter muito cuidado".
Já em relação a uma possível quarta vaga, ainda não é possível antecipar se existirá ou não, mas a Páscoa será um momento decisivo. "Se na Páscoa vierem os emigrantes, se o controlo de fronteiras for pouco apertado e celebrarmos a Páscoa com muita gente à mesa, vamos ter problemas. Estamos no último limite da segurança. Se nos descuidarmos um bocadinho de nada, podemos ter a quarta vaga", afirmou, destacando a importância das novas mutações do vírus que são mais contagiosas.
Para a fase de desconfinamento que se segue, o matemático apela a um "cuidado extremo" e alerta: "Temos de estar preparados para voltar atrás".
Henrique Oliveira deixou, por fim, críticas ao Governo pela falta de estratégias para evitar um novo confinamento geral, sublinhando igualmente a importância de um sistema de rastreamento de contactos com casos positivos.
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