Maria José Morgado, procuradora jubilada que durante décadas foi o rosto mais visível da luta contra a corrupção, defendeu, na noite deste domingo, na SIC Notícias, que o que falta na estratégia nacional contra a corrupção é "ação"
"Se déssemos metade da atenção preventiva ao combate à corrupção que se dá à Covid tínhamos a corrupção sobre controlo, assim temos temos a corrupção na zona vermelha e parece que ninguém está preocupado", salientou a magistrada.
Em comentário aos dados apresentados, na sexta-feira, pelo grupo no Parlamento Europeu dos Verdes/Aliança Livre Europeia, de que a corrupção custa a Portugal 18.2 mil milhões de euros, a antiga procuradora considerou este valor um "imposto oculto", cobrado a todos os portugueses, que "nos empobrece a todos".
Perante esta "sangria dos bens do Estado", Maria José Morgado reiterou que "tem de haver castigo e confisco".
Já sobre a Operação Marquês, que esta semana, dá um passo importante, com os arguidos a conhecerem, no dia 9 de abril, quem vai a julgamento, a procuradora sublinhou que "a prova é a parte mais viva do processo penal" e que "não devemos ser dramáticos a esse respeito, mas inteligentes, resistentes, corajosos e independentes".
"Este é um processo diferente dos outros. No futuro servirá de análise e estudo, mas não é um processo paradigmático dos tribunais. É diferente dos outros processos na parte da corrupção e do crime económico e financeiro, pela natureza dos factos", explicou.
Apesar disso, Maria José Morgado reconheceu que o processo da Operação Marquês vai marcar a Justiça em Portugal, tal como marcaria em qualquer outro país "porque estamos a falar de um tipo de corrupção ao mais alto nível do Estado, considerando a acusação".
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