O Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro e representantes dos partidos estiveram, esta manhã, reunidos com peritos de saúde pública de várias instituições para uma análise da evolução da pandemia da Covid-19 no país.
André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde (DGS), foi o primeiro a tomar a palavra no encontro, explicando que "houve uma tendência estável da tendência cumulativa" nos últimos 15 dias.
Um grupo onde esta cresceu "bastante" foi na faixa etária dos 10 aos 20 anos, sublinhando o especialista que estes "não geram especial preocupação". A incidência baixou dos 0 aos 9 anos. Já os maiores de 80 anos são o "grupo mais protegido" em Portugal.
Todos os grupos etários baixaram na incidência da doença nos últimos 15 dias, à exceção da faixa entre os 10 e os 20 anos. Quanto a internados em Unidades de Cuidados Intensivos, a faixa entre os 50 e os 79 anos é a que mais pessoas tem nestas condições, informou ainda Peralta Santos.
Por regiões, o Norte mantém uma tendência crescente na infeção por SARS-Cov-2, mas inferior aos 120 casos/100 mil habitantes. No Algarve, a incidência tem diminuído, mas ainda com valores acima da média nacional.
André Peralta Santos revelou também que o agravamento da pandemia em Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel "causa alguma preocupação". Já em Odemira, um dos concelhos com maior incidência do país, verifica-se uma "inversão de tendência".
Quanto à testagem, houve aumento da intensidade e os concelhos com maior incidência da infeção têm testado mais. A taxa de positividade mantém-se abaixo do indicador de referência dos 4%.
O índice de transmissibilidade (Rt) e a taxa de incidência de novos casos de Covid-19 registaram uma estabilização em Portugal nas últimas duas semanas, afirmou o investigador Baltazar Nunes. "Observou-se um decréscimo da transmissibilidade e para os últimos cinco dias estimámos um R de 0,99. A incidência também está em decréscimo, a tendência é estável e será ligeiramente decrescente", adiantou na reunião do Infarmed.
Seis casos da variante indiana em Lisboa e Vale do Tejo
Já João Paulo Gomes, do Instituto Nacional Ricardo Jorge, indicou que esta semana em Lisboa e Vale do Tejo foram registados "seis casos da variante indiana" do novo coronavírus. "Detetamos esta semana os primeiros casos. Vamos estar obviamente atentos e vamos estar com esperança de que o processo de vacinação se sobreponha a tudo isto", afirmou o perito, acrescentando que a situação atual referente às variantes em Portugal "não é impeditiva da continuação do plano de desconfinamento".
A variante inglesa continua a ser a dominante, com "89% ou 90%" das infeções em Portugal. Quanto à variante da África do Sul, houve 11 casos nos últimos 15 dias.
Já a probabilidade de um doente morrer por Covid-19 baixou em Portugal de 4%, nos primeiros dois meses da pandemia, para 0,5%, revelou Henrique Barros, ou seja, cinco vezes menor.
O epidemiologista sublinhou o "extraordinário ganho em sobrevida" que a vacina trouxe, sobretudo nos mais velhos e mais frágeis em termos de saúde. Ainda sobre a probabilidade de morrer com a infeção, disse que é maior nos homens e que tem uma "variabilidade regional". Como exemplo, disse que quem se infeta na região da Madeira tem risco menor de letalidade: "Era importante estudar o porquê de tudo isto".
"A faixa etária dos 80 anos já está totalmente vacinada"
Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task-force, referiu, também na reunião no Infarmed, que esta terça-feira "devemos estar a atingir três milhões de vacinas só no continente", sendo que "estamos a progredir muito fortemente na faixa etária dos 70 aos 79 anos".
"A faixa etária dos 80 anos já está totalmente vacinada, com pequenas exceções", informou também, acrescentando que este grupo deverá ficar 100% imunizado ainda esta semana.
Também esta semana "atingiremos uma percentagem significativa na faixa etária dos 60 aos 69 anos". O vice-almirante adiantou ainda que a 23 de maio estima-se ter "todo o grupo dos 60 anos para cima coberto", uma faixa etária da população que representou "96,04% dos óbitos por Covid-19".
O coordenador da 'task force' para o plano de vacinação admitiu também que a limitação de idade a dois tipos de vacinas pode condicionar a utilização de meio milhão de vacinas no segundo trimestre e 2,7 milhões no terceiro trimestre: "O limite de idade aos dois tipos de vacinas que estamos a utilizar pode condicionar a utilização até meio milhão de vacinas, apesar de estamos a tomar medidas para mitigar este processo".
Reveja aqui a reunião no Infarmed:
A sessão sobre a "situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal" teve início às 10 horas, nas instalações da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), em Lisboa, e decorreu, como tem sido habitual, também por videoconferência.
A vigésima reunião de peritos ocorreu na semana em que o Governo vai decidir se Portugal avança para a quarta e última fase do plano de desconfinamento, que está prevista iniciar-se a 3 de maio.
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[Notícia atualizada às 13h05]
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