Ao todo, são distribuídos cerca de 1.700 cabazes por mês, sendo que cerca de 70% destes cabazes dizem respeito ao programa comunitário e os restantes provêm de donativos.
Em declarações aos jornalistas, a presidente do Banco Alimentar de São Miguel, Luísa César, afirmou que, "no ano passado, nos meses de março e abril, quando houve este choque" da pandemia de covid-19, "verificou-se uma grande necessidade por parte da população", já que "pessoas que nunca tinham tido necessidade, de um momento para o outro, ficaram sem rendimentos".
Os números mostram um pico de 792 sinalizações em abril de 2020, quando até ali estavam na casa das duas centenas.
"O Banco Alimentar, nessa altura, avançou -- este e os outros Bancos Alimentares do país --, através de uma iniciativa que ainda está em funcionamento, que é a rede de emergência alimentar. Por essa via, foi possível angariar muitos alimentos, por parte de empresas, até particulares".
Com o agravamento da crise, "as empresas têm dificuldades" em apoiar, mas aquela estrutura "mantém a sua resposta, à custa dos donativos".
Luísa César admite que o Banco Alimentar de São Miguel "tem vindo a utilizar os seus fundos exatamente para comprar o necessário", de forma a dar resposta a todos os pedidos.
A presidente da direção falava aos jornalistas durante a visita do vice-presidente do Governo Regional às instalações da organização, que este ano celebra 25 anos.
Artur Lima destacou a "importância do voluntariado" e "a importância destas instituições, quando existem situações sociais de necessidade", como as que a pandemia de covid-19 veio agravar.
Sobre a pobreza na região, o governante disse que está a ser feita a "avaliação da estratégia que foi implementada de combate à pobreza [e à exclusão social]" pelo anterior Governo.
"Tem, naturalmente, aspetos positivos, que iremos aproveitar, e também queremos imprimir diferenças e introduzir modificações que possam melhor servir as pessoas", explicou.
O responsável pela tutela da Solidariedade Social lembra que se está "numa altura de pandemia, em que não é possível fazer grandes alterações", uma vez que é preciso "acudir às necessidades imediatas das pessoas".
O centrista sublinhou ainda uma iniciativa do Banco Alimentar de São Miguel, "que é de não [só] dar o peixe, mas também ensinar a pescar, para que as pessoas possam ter as suas próprias hortas, cultivar os seus produtos, num projeto de sustentabilidade que é muito importante para as famílias".
A iniciativa tem o "compromisso do Governo também de colaborar nesta missão, que é para o bem de todos e que é também do combate à pobreza, ensinando as pessoas, qualificando as pessoas, porque só assim é que se pode sair da pobreza".
Essa é, também, a estratégia do Governo para reduzir o número de dependentes do Rendimento Social de Inserção (RSI) na região, recorda, dizendo que este subsídio "é uma ferramenta e um instrumento que deve ser usado para quem dele necessita", mas que se deve "sempre qualificar as pessoas para que dele não venham a precisar, para que aqueles que precisem, na altura própria, o tenham".
Os Açores têm atualmente 191 casos positivos ativos: 181 em São Miguel, sete nas Flores, dois em Santa Maria e um na Terceira.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados 4.946 casos positivos de covid-19 na região, tendo recuperado da doença 4.602 pessoas e morrido 31.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.214.644 mortos no mundo, resultantes de mais de 153,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.981 pessoas dos 837.715 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Leia Também: Cimeira Social: A pobreza e a luta contra a vergonha no Bairro Branco