"Quando se vê que estão a nascer e a plantar novas árvores é um sinal de esperança para o futuro. Eu queria que essa esperança fosse também muito distribuída por todos os portugueses e que atingisse positivamente o distrito de Leiria", afirmou Ferro Rodrigues, que foi deputado eleito por este círculo.
Ferro Rodrigues presidiu à cerimónia de inauguração do projeto de regeneração florestal e paisagística do Parque do Tremelgo, na Mata Nacional de Leiria, no concelho da Marinha Grande.
Este espaço foi afetado pelos incêndios de outubro de 2017 e pelo furacão Leslie em outubro de 2018 e o projeto resulta de uma parceria da Assembleia da República com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), no quadro da Dimensão Parlamentar da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
Antes, Ferro Rodrigues falou da memória, referindo que há que "relembrar a tragédia terrível que se abateu sobre muitas zonas do país e aqui muito particularmente na Mata Nacional de Leiria", que continua como "joia da República", recordando as vítimas mortais e todos os que sofreram.
Ferro Rodrigues destacou depois o "reconhecimento pelo trabalho que desde então tem sido feito a todos os níveis" por várias entidades, públicas e privadas, e, ainda, o "reconhecimento a todos aqueles que aprenderam com o que se passou há quatro anos" e que fazem "a limpeza adequada" dos terrenos e a possibilidade de "evitar que uma desgraça como essa volte a suceder".
A este propósito, Ferro Rodrigues alertou que o país está à "beira daquilo a que se costuma chamar época de incêndios".
"Este apelo, esta memória e este reconhecimento são adequados a este momento que vivemos", disse, para acrescentar que, "como em todos os momentos de dificuldade, o país mostrou uma enorme solidariedade", que foi também europeia e internacional.
O presidente do ICNF, Nuno Banza, explicou que nesta ação de recuperação foram dispostas em pouco mais de um hectare 230 árvores, "como que em semicírculo, evocando a casa maior da democracia portuguesa", e que representam "os lugares disponíveis da Assembleia da República".
"[Foram] escolhidas entre 10 espécies diferente de árvores autóctones na flora portuguesa que representam, também, a diversidade e a multiculturalidade" do parlamento, adiantou Nuno Banza.
Notando que "a escala da floresta não é a escala humana", o presidente do ICNF observou que, "infelizmente, nos anos seguintes" aos incêndios de 2017 não se conseguiu "voltar a ver uma mata desenvolvida, com as características que ela tinha antes".
"Mas cumpre-nos conseguir ser resilientes e investir para que no futuro aqueles que virão possam contar de novo com uma Mata Nacional de Leiria com melhores condições de resiliência, mais resistente às pressões e, eventualmente, melhor defendida do fogo", declarou.
Numa cerimónia onde estiveram vários deputados, a presidente da Câmara da Marinha Grande, Cidália Ferreira, referiu-se à representação do hemiciclo no Pinhal de Leiria, para lembrar que são os parlamentares que aprovam o Orçamento do Estado.
"Como os senhores aprovaram cinco milhões (...), espero que no próximo ano estejam pelo menos outros cinco milhões" de euros para a recuperação do pinhal, afirmou.
A Mata Nacional de Leiria, também conhecido por Pinhal de Leiria ou Pinhal do Rei, é propriedade do Estado. Tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. A principal espécie é o pinheiro-bravo.
Nos incêndios de outubro de 2017 ardeu mais 80% da sua área.
Nesse mês, 49 pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios na região Centro, que também destruíram total ou parcialmente cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.
O furacão Leslie atingiu 24 concelhos da região Centro, incluindo Marinha Grande, na noite de 13 para 14 de outubro de 2018.O município estimou na ocasião prejuízos de cinco milhões de euros.
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