João Gomes Cravinho falava aos jornalistas em conferência de imprensa conjunta com o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, no fim do encontro informal dos ministros europeus da Defesa.
"Já existe desde o dia 19 de maio em Moçambique uma missão técnica para identificar os parâmetros exatos do que poderá ser uma missão [europeia], que precisará de ser aprovada formalmente. Esperamos que isso aconteça já em junho", declarou o governante.
A "expectativa" de Gomes Cravinho é que, "em breve, seja possível terminar os processos formais para que dentro de uns três meses, aproximadamente, haja possibilidade de ter a missão de formação da UE no terreno".
De acordo com o ministro, na reunião informal "ficou patente" um "apoio generalizado" dos governos europeus a esta missão, adiantando que "ninguém disse que não achava boa ideia".
"E em relação aos países participantes, eu diria que há sete ou oito que já indicaram disponibilidade para fornecer militares para a missão, mas gostaria de seguir as regras formais, isto é, gostaria primeiro, que a missão fosse formalmente aprovada, segundo, que fossem os próprios países a dizer cá fora aquilo que já tiveram oportunidade de dizer lá dentro", vincou.
Questionado sobre a natureza da missão, Gomes Cravinho adiantou que esta deverá utilizar como "base" a missão portuguesa de treino já no terreno, no âmbito da cooperação bilateral entre Portugal e Moçambique.
"A missão técnica [da UE] olhou com atenção para aquilo que nós estamos a fazer bilateralmente, houve uma importante troca de informações e a ideia que vai ser apresentada em Bruxelas é que uma missão de formação da UE tome o mesmo conceito que nós já desenvolvemos, utiliza a base da nossa formação para ganhar outra escala", concretizou.
O governante insistiu que Portugal mantém a disponibilidade para fornecer "qualquer coisa como 50%" de militares para a missão.
"Naturalmente estamos à espera para ver qual é a recomendação da missão técnica sobre as características exatas necessárias para a missão. Hoje houve um país que disse 'nós não podemos fornecer militares mas podemos fornecer todas as comunicações de satélite', portanto, haverá contribuições de diferentes tipos, mas a contribuição essencial em termos de militares será portuguesa, apoiada por outros estados membros", sintetizou.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
A incursão contra Palma, em março, provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.
As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas aquele ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
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