Numa altura em que a variante Delta - que teve origem na Índia - é responsável por 60% dos casos em Lisboa e Vale do Tejo (LVT), espera-se que a sua prevalência venha a ser dominante na generalidade do território português, indicou, esta segunda-feira, a ministra da Saúde, à margem da tomada de posse dos órgãos sociais da Associação Nacional de Farmácias (ANF).
"Aquilo que se estima é que a variante Delta passe a ser predominante não só na generalidade do território português, como noutros países, tal como aconteceu como a inglesa", vincou Marta Temido.
Em declarações aos jornalistas, a governante esclareceu que "estamos a assistir à predominância da variante na região de Lisboa e Vale do Tejo e estamos a tentar que a variante entre nas outras regiões numa altura em que as pessoas estejam mais protegidas pela vacinação. O objetivo é ganhar tempo para mais pessoas estarem vacinadas".
Marta Temido reforçou que "não basta a vacina estar administrada", ao lembrar a necessidade de toma das duas doses nas vacinas com esse esquema vacinal e ainda o prazo de sete dias após a segunda toma para que a proteção seja efetiva. Nesse sentido, realçou a importância da manutenção das medidas de proteção.
"É importante referir que temos hoje vacinas, uma capacidade de testagem e conhecimento sobre a forma de transmissão de que não dispúnhamos há um ano. Contudo, as medidas não farmacológicas nesta fase de transição podem ainda ser necessárias"
O aumento do número de infetados com o SARS-CoV-2 tem igualmente repercussões na "imagem do país", nomeadamente ao nível "económico e na nossa forma de vida social, num contexto em que a maioria dos países europeus estão com números que são de decréscimo da transmissão".
Evidentemente que esta situação em que o país está, de contraciclo, nos é desfavorável"
"Evidentemente que esta situação em que o país está, de contraciclo, nos é desfavorável. É-nos desfavorável em termos internos porque há pessoas que se estão a infetar e estão a ter consequências na sua saúde e é desfavorável em termos externos", vincou Marta Temido, reiterando o apelo ao cumprimento das medidas de controlo da pandemia.
A situação de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem concentrado a maioria dos novos casos de Covid-19, prende-se, aos olhos da ministra, não só com a predominância da variante Delta, mas também com o processo de "desconfinamento", que começou "há algum tempo e estamos mais à frente de que os países da União Europeia (UE)".
Perante a situação do país, que apresenta "um risco de transmissão de 1,19 e tem um número de novos casos elevado", impõe-se a "necessidade de continuarmos a acelerar a vacinação". Outra das estratégias para combater a pandemia neste momento passa por "garantir o acesso a testes" e pela adoção de "medidas de contenção", como as que estiveram em vigor, este fim de semana, na Área Metropolitana de Lisboa.
"Batalha que ainda vai ser longa"
Questionada relativamente à possibilidade de os hospitais poderem começar a vacinar, a ministra respondeu apenas que a semana passada "foi a melhor" em termos de inoculação. "O nosso objetivo é garantir que em julho se consiga atingir mais de 130 mil vacinas administradas por dia e a Task Force tem estado a trabalhar para maximizar a capacidade de vacinação".
A ministra com a pasta da Saúde recordou, neste sentido, que esta "é uma batalha que ainda vai ser longa e que estamos todos convocados".
Contrariamente ao que se previa, esta segunda-feira não foi aberto o autoagendamento para maiores de 35 anos (será aberto apenas para maiores de 37 anos). Sobre a questão, Marta Temido explicou que em causa está uma "questão de gestão do processo".
Sempre que se abre um faixa etária para autoagendamento, "gera-se um fenómeno de espera. Se abrirmos duas fases ao longo da semana, conseguimos gerir melhor as respostas e estamos convencidos que será a melhor solução".
Por fim, Marta Temido admitiu que aproveitar a capacidade de vacinação das farmácias é uma "possibilidade".
[Notícia atualizada às 17h11]
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