Empresários de diversão noturna e restauração manifestam-se em Lisboa
Cerca de meia centena de empresários da diversão noturna e da restauração manifestaram-se hoje em frente à Assembleia da República, em Lisboa, reclamando a falta de apoio do Estado e defendendo a reabertura de discotecas antes de setembro.
© Lusa
Economia Covid-19
"Neste momento, estamos a falar de 60% dos espaços de diversão noturna estarem fechados e, se continuarmos até ao final de setembro neste ritmo, os outros todos fecham também", afirmou o porta-voz do Movimento Sobreviver a Pão e Água e presidente da Associação Nacional de Discotecas (AND), José Gouveia, em declarações à agência Lusa.
José Gouveia falava sobre a situação de falência das empresas com estabelecimentos como bares e discotecas, que estão há "15 meses fechados por decreto" devido à pandemia de covid-19.
A manifestação dos setores da diversão noturna e da restauração foi organizada pelo Movimento Sobreviver a Pão e Água e decorreu em frente à Assembleia da República, com a participação de cerca de 50 empresários, num protesto quase silencioso, inclusive sem cartazes, mas com momentos de fumaça em tons de vermelho e verde.
Na divulgação do protesto nas redes sociais, desde o Facebook ao Instagram, o movimento partilhou frases como: "Como está não pode ficar", "Empresas com despesas e sem receitas? Não há milagres", "Mais do que apoios, queremos trabalhar", "Queremos sentar-nos à mesa e negociar, do nosso negócio percebemos nós" e "Não nos vão vencer pelo cansaço".
Perante a participação registada na manifestação, o porta-voz do Movimento Sobreviver a Pão e Água disse que o número de pessoas presentes "é a imagem do nosso povo, é um povo resignado, cansado, desanimado e que perde um pouco a força".
"Também porque as grandes manifestações que se fizeram surtiram muito pouco efeito político, não houve alterações, portanto as pessoas deixam de acreditar que têm uma voz. Acho que talvez nas próximas eleições demonstrem no seu voto a sua vontade e os seus estados de alma", declarou José Gouveia.
Apesar de o protesto ter sido realizado em frente à Assembleia da República, os manifestantes não receberam qualquer mensagem de apoio dos diferentes grupos parlamentares, referiu o porta-voz, reforçando que os participantes estão "em nome do povo".
A manifestação serviu para deixar "algumas notas de descontentamento" em relação à forma como as medidas de controlo da pandemia de covid-19 estão a ser desenvolvidas, nomeadamente nos setores da restauração e da diversão noturna.
"Uma noite que está abandonada, uma noite que está fechada há 15 meses, que se prevê, segundo António Costa, que esteja fechada até setembro. Não é possível esta noite ficar fechada até setembro sem haver de facto um apoio financeiro musculado. Esse apoio terminou em fevereiro deste ano, a última vez que estas empresas viram algum apoio do Estado e não há previsões de mais apoios", indicou o presidente da AND.
Além da falta de apoio, o setor da diversão noturna reclama a reabertura dos estabelecimentos, considerando que "a reabertura não tem de ser em setembro, a reabertura pode ser antes".
"Se não estamos a pôr em causa o sistema todo de vacinação, estamos a pôr em causa toda a parte da imunidade", apontou José Gouveia, defendendo que é preciso começar a ouvir os ventos que vêm da Europa, dando como exemplo: o Reino Unido que prevê o desconfinamento total em 19 de julho; a França, em que o presidente Emmanuel Macron reuniu-se com os empresários da noite para tentar encontrar uma solução em conjunto; e a Espanha que tem discotecas e bares abertos.
Sobre o caso de Portugal, o representante das discotecas referiu que "há, neste momento, condições para controlar, por exemplo, as festas ilegais, e a única forma de o fazer, como aconteceu este fim de semana com 300 pessoas numa festa ilegal em Alcochete, [...] é controlá-las, e o controlo tem de ser feito, exatamente, dentro de discotecas, dentro de bares, com todas as restrições e com todas as medidas que sejam necessárias".
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.980.935 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 183,7 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France Presse.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.117 pessoas e foram registados 890.571 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, a Índia ou a África do Sul.
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