MNE da UE partilham preocupação com situação em Cuba, diz Santos Silva

Os chefes da diplomacia da União Europeia, reunidos hoje em Bruxelas, partilham a preocupação com a repressão de manifestações pacíficas em Cuba, um indicador claro da qualidade do regime, afirmou hoje o ministro Augusto Santos Silva.

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Lusa
12/07/2021 17:57 ‧ 12/07/2021 por Lusa

País

Diplomacia

No final de um Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva indicou, em conferência de imprensa, que o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, fez uma exposição da situação em Cuba, tendo os 27 partilhado "a sua preocupação" com o facto de as manifestações estarem a ser reprimidas pelas autoridades cubanas.

"O direito de manifestação, a realização de manifestações pacificas é um critério fundamental para a UE na avaliação da qualidade dos regimes políticos, quaisquer que eles sejam. E, de facto, é um critério muito simples para distinguir os regimes políticos e as sociedades que são livres das que não são", começou por comentar o chefe da diplomacia portuguesa.

Santos Silva reforçou que, "nas sociedades livres, o que é mais normal é que as pessoas se reúnam, se manifestem, protestem contra os governos ou outras autoridades instituídas, e que o possam fazer livremente se o estiverem a fazer pacificamente".

"Estamos a assistir ao que nos parece ser uma evolução muito preocupante da relação do regime cubano com o direito de manifestação. Vamos ver como é que as coisas evoluem, e em que é que nós podemos influenciar para que evoluam num sentido positivo", complementou.

No que diz respeito a Portugal, o ministro disse que ainda está a ser recolhida informação e que não teve "ainda oportunidade de falar com o embaixador de Portugal em Cuba", o que tenciona fazer "ainda hoje".

Já do lado europeu, prosseguiu, as informações que os 27 dispõem "são aquelas que foram sintetizadas pelo Alto Representante", e que "permitem desde já exprimir preocupação pelos factos", já que, reforçou, "manifestações pacíficas dirigidas contra as autoridades cubanas" constituem, do ponto de vista da UE, "o exercício de um direito humano, um direito de reunião e manifestação pacífica, e não deveriam ser reprimidas pelas autoridades respetivas".

Agastados com a crise económica, que agravou a escassez de alimentos e medicamentos e obrigou o governo a cortar a eletricidade durante várias horas por dia, milhares de cubanos saíram às ruas espontaneamente no domingo, em dezenas de cidades do país, aos gritos de "Temos fome", "Liberdade" e "Abaixo a Ditadura".

Trata-se de uma mobilização sem precedentes em Cuba onde as únicas reuniões autorizadas são geralmente as do Partido Comunista Cubano (PCC, partido único), tendo as forças de segurança procedido a dezenas de detenções e se envolvido em confrontos com manifestantes.

O Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, exortou no domingo os seus apoiantes a saírem às ruas prontos para o "combate", em resposta às manifestações que aconteceram contra o Governo em vários pontos do país.

"A ordem de combate está dada, os revolucionários às ruas", afirmou o governante, citado pela agência de notícias Efe.

Hoje, numa comunicação televisiva, Díaz-Canel acusou os Estados Unidos de desestabilizarem o país e de procurarem criar condições para uma mudança de regime, salientando que os protestos tiveram como objetivo "fraturar a unidade do povo" e "desacreditar o Governo e a revolução".

Díaz-Canel acusou também os Estados Unidos de continuarem numa estratégia de "asfixia económica para provocar agitação social" e conseguir uma "mudança de regime" em Cuba, estando por trás das manifestações de contestação a Havana.

O Presidente cubano explicou que a comunicação televisiva de hoje foi uma iniciativa pensada há dias "para informar a população" sobre a situação do país, que atravessa uma grave crise, agravada pela pandemia de covid-19, que se tem revelado em escassez de alimentos e medicamentos e cortes de energia.

Hoje de manhã, e após um fim de semana muito conturbado pelas manifestações, Cuba acordou em aparente calma, mas sem serviço de Internet móvel.

O serviço de Internet móvel foi cortado no domingo, a meio do dia, o que tem dificultado a circulação de informações sobre o impacto das manifestações populares.

Nas horas anteriores ao corte dos serviços de comunicações por Internet móvel, tinham-se multiplicado nas redes sociais as denúncias sobre repressão e violência policial sobre os manifestantes deste fim de semana.

Leia Também: Presidente dos EUA apela ao regime cubano para "ouvir o povo"

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