O fogo deflagrou na madrugada de segunda-feira em Castro Marim, no distrito de Faro, e foi dado como dominado nessa manhã, mas uma reativação durante a tarde levou as chamas aos concelhos de Vila Real de Santo António e de Tavira e o incêndio só foi dominado durante a tarde na terça-feira, cerca das 16h00, com 6.700 hectares atingidos.
Esta tarde, pelas 14h00, em declarações à agência Lusa, a presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins (PS), explicou que a autarquia ainda se encontra a fazer o levantamento de todos os prejuízos originados pelo incêndio rural.
"Nesta fase estamos a fazer o levantamento, nomeadamente o financeiro, daquilo que perdemos e temos equipas no terreno. Estamos também a pugnar pelo restabelecimento da energia elétrica e das telecomunicações, que ficaram muito afetadas", apontou.
Segundo a autarca, o fogo atingiu quatro habitações, sendo que em três dos casos existe a certeza de que ficaram habitáveis.
"Existe um senhor que tinha uma casa e uma oficina na zona da Rocha dos Corvos. Ainda não conseguimos contactar com o senhor, mas esta tarde vamos passar por lá para tentar falar com ele", adiantou.
Além dos danos em habitações e neste armazém, Ana Paula Martins referiu que foram registados prejuízos em algumas plantações agrícolas e também em infraestruturas de caça, mas ainda está a ser feito um levantamento.
Relativamente aos animais que tiveram de ser transferidos do canil intermunicipal de Castro Marim e Vila Real de Santo António para o de Tavira -- Loulé, a autarca disse que foram acolhidos 14 cães, tendo regressado nove.
"Neste momento já existem condições no canil de Castro Marim para que os animais possam regressar", sublinhou, acrescentando que houve também cidadãos a acolher os animais que tiveram de ser retirados (segundo os dados da Proteção Civil de terça-feira, houve quase 200 cães e gatos deslocados do canil evacuado).
Em termos de prevenção de incêndios no futuro, a autarca defendeu a possibilidade de os municípios fazerem candidaturas conjuntas a verbas que permitam reforçar as telecomunicações e executar os planos de reflorestação.
"Eu acho que era importante que o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] pudesse ajudar nestas duas questões. Eu andei no terreno na noite de segunda-feira e a falha de comunicações é grande. Apenas o rádio dos bombeiros funciona. Tudo o resto não conseguimos contactar", contou.
Na terça-feira, em conferência de imprensa depois de dominado o incêndio, o comandante das operações no terreno, Richard Marques, realçou a importância do período de consolidação e de rescaldo.
"O plano gradual de desmobilização vai acompanhar aquilo que é o risco, vamos manter capacidade instalada no terreno que permita fazer face a reativações que possam surgir, tal como apareceram hoje [terça-feira], para garantir que rapidamente se podem debelar caso elas surjam", afirmou.
O comandante das operações de socorro sublinhou ainda que o incêndio, do ponto de vista da propagação, se desenvolveu com muita intensidade, atingindo "uma taxa de expansão média de 650 hectares por hora" e um "perímetro de 43 quilómetros".
O incêndio afetou uma "área estimada de 6.700 hectares, já [calculada] com recurso ao sistema Copérnico, da União Europeia".
Estiveram envolvidos na operação mais de 600 operacionais, com mais de 200 veículos, cerca de uma dezena de meios aéreos e 10 máquinas de rasto, tendo sido deslocadas de casa 81 pessoas, segundo a GNR.
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